Fabiana Uchinaka
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Apesar dessa defasagem entre homens e mulheres na estrutura das empresas, a publicação O Compromisso das Empresas com a Valorização da Mulher, lançada nesta quarta-feira (1) pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, revelou que são poucas as organizações – apenas 3% da amostra – que têm políticas claras de promoção da eqüidade de gênero, com programas para redução das desigualdades salariais e de capacitação profissional específicos para melhorar a qualificação de mulheres, segundo Luci Ayala, redatora da publicação.
"Muitas empresas têm a preocupação de garantir a igualdade de condições entre os funcionários. Mas nos parece que tratar igualmente pessoas que partem de situações desiguais, de certa forma não muda essa situação de base e até ajuda a reproduzir essa situação de desigualdade", diz Luci. Para ela, "é fundamental que os compromissos com a eqüidade de gêneros integrem o plano de ação estratégico das empresas, pois essa é única forma de definir metas, programas, avaliar resultados, de que isso de fato entre na vida das empresas. Existem ferramentas para que isso aconteça".
Essas ferramentas são apresentadas no guia preparado pelo manual. Nele é apresentado um conjunto de propostas para as organizações que desejem implantar ou aprofundar suas políticas de responsabilidade social, contribuindo para o fortalecimento das mulheres e para a promoção da igualdade de oportunidades para ambos os gêneros.
De acordo com Luci, o primeiro passo é conhecer a realidade que a empresa vive, por meio de um censo interno ou outra forma de levantamento que estabeleça a proporção entre homens e mulheres existentes na empresa, nos cargos de chefia, os ritmos de carreira que possam ser diferenciados, as diferenças salariais e a participação das mulheres nas políticas de capacitação. A realização do censo interno permite à empresa conhecer a realidade de gênero efetivamente praticada, observando também as relações raciais. O questionário utilizado no levantamento está disponível na publicação e no site do instituto (www.ethos.org.br).
Depois disso, o Ethos propõe que se estabeleça uma plataforma de ações de responsabilidade social empresarial, em que seis tópicos são considerados: 1) Compromisso público com a igualdade de oportunidades para homens e mulheres; 2) Avaliação da situação de gênero; 3) Políticas de Promoção de Eqüidade para o Público Interno; 4) Políticas de saúde, bem-estar e proteção contra a violência; 5) Compromissos com a comunidade; 6) Políticas para a cadeia de negócios.
O manual considera que o melhor caminho para promover a igualdade entre homens e mulheres é garantir que políticas salariais, de contratação e promoção eliminem toda possibilidade de discriminação e de estereótipos relativos ao sexo, à raça ou à cor dos funcionários. A adoção de políticas de saúde, segurança e bem-estar para as mulheres que trabalham na empresa também faz parte das ações para a construção da eqüidade de gênero. Isto significa criar creches, facilitar tratamentos e cuidados médicos, garantir segurança durante a gravidez, estimular a paternidade responsável, evitar qualquer forma de violência e proibir discriminação.