Fabiana Uchinaka
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Maternidade e dupla jornada de trabalho são os principais fatores de desigualdade das mulheres no mercado de trabalho, de acordo com a publicação O Compromisso das Empresas com a Valorização da Mulher, lançada nesta quarta-feira (1) pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.
Segundo Luci Ayala, redatora da publicação, embora a maternidade seja valorizada e a reprodução da espécie diga respeito a toda sociedade, o fato de caber a mulher as várias tarefas do cuidado das crianças é o principal motivo de discriminação delas no mercado de trabalho. "Todo o processo da maternidade não interfere na competência profissional da mulher. No entanto, é o grande e principal elemento de desvantagem profissional", diz.
O cuidado dos filhos e as tarefas domésticas são atividades tradicionalmente atribuídas às mulheres, mesmo quando elas são profissionais ativas. De acordo com a publicação, as mulheres trabalham em média 4h30 por dia em atividades domésticas, enquanto os homens trabalham 1h15. "No Brasil, os cuidados com os filhos e as atividades domésticas são atribuídos à mulher, que tem de resolvê-los individualmente. Muitas mulheres recusam-se a assumir novas responsabilidades na empresa por não terem como equacionar as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos", conta Luci.
Ela diz que mesmo mulheres com maior poder aquisitivo, capazes de contratar outras mulheres para realizar os serviços domésticos e para cuidar dos filhos, precisam gerenciar as empregadas e suas atividades. No caso das mulheres mais pobres, a situação é ainda pior. A falta de serviços públicos de qualidade e infra-estrutura acessível faz com que essas mulheres sejam responsáveis por todas as atividades domésticas após o dia de trabalho. "Mulheres pobres, ao saírem para trabalhar, deixam as tarefas domésticas para depois e os filhos pequenos aos cuidados dos maiores, em geral meninas, ou de alguma outra mulher da família ou da vizinhança", resume Luci.