Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Projetos de bancos de alimentos, como os do Programa Fome Zero, já são utilizados no Canadá, país que possui um número calculado de 3 milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar. A informação é do o presidente da Associação Canadense de Banco de Alimentos, Charles Seiden, em entrevista exclusiva à Agência Brasil. Ele palestrou no 2º Encontro Nacional de Bancos de Alimentos e Colheita Urbana, que acontece até sexta, no Sesc da Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
Visto como um dos modelos de ação na coleta e distribuição de alimentos à população carente, o Canadá consegue hoje atender cerca de 800 mil pessoas por meio de 615 bancos de alimentos. Deste total, 250 atuam na zona rural. Seiden explica que mesmo fazendo parte da lista dos países ricos, o Canadá enfrenta problemas que surpreendem os povos de nações mais pobres em desenvolvimento, como a existência de três milhões de famintos.
A questão, conforme esclareceu, está ligada a mal comum nos países em desenvolvimento, que é a má distribuição de renda e o aumento do desemprego. Um dos exemplos é a região urbana de Toronto, na qual vivem cerca de 4 milhões de habitantes. Além disso, há as dificuldades enfrentadas por causa da baixa temperatura, que deixa grande extensão territorial sob gelo. Para amenizar o problema em curto prazo, o banco de alimentos é uma alternativa, defendeu. Em longo prazo, defendeu, é necessário implementar uma rede de seguridade social, que englobe os bancos e outras políticas públicas .
Na sua opinião, as trocas de experiências com o Brasil podem ser úteis para ambos os lados. Por isso, sugere a programação de visitas de missões brasileiras ao Canadá e vice-versa. Na palestra, o especialista argumentou que a confiança entre as pessoas envolvidas com o combate à fome e o comprometimento delas com a ética são essenciais para o êxito das ações. Também é favorável a transparência na administração por parte das entidades e a uma racionalização do sistema de coleta e distribuição de forma a tornar o trabalho mais produtivo.