Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os oito suspeitos de participação no assassinato dos fiscais e do motorista do Ministério do Trabalho, em 28 de janeiro deste ano em Unaí (MG), foram denunciados nesta segunda-feira, dia 30, pelo Ministério Público Federal. Foram denunciados: Norberto Mânica, Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro, Francisco Elder Pinheiro, Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios, Willian Gomes de Miranda e Humberto Ribeiro dos Santos.
Os sete primeiros foram denunciados pelos crimes de homicídio doloso triplamente qualificado e formação de quadrilha; Erinaldo vai responder ainda pelo crime de receptação (foi ele quem adquiriu o veículo - furtado - utilizado durante a abordagem às vítimas). Já Humberto Ribeiro foi denunciado somente pelos crimes de quadrilha e favorecimento pessoal, porque sua participação restringiu-se a subtrair alguns dias depois do crime a folha do registro de hóspedes do hotel em que Erinaldo e Rogério Alan estiveram hospedados.
A participação de cada um dos denunciados foi descrita detalhadamente pelo Ministério Público. Erinaldo Silva e Rogério Alan atiraram contra as vítimas; Willian Gomes, motorista da quadrilha, foi quem conduziu os comparsas e ajudou a desovar o veículo no lago Paranoá em Brasília-DF. Os três foram arregimentados por Francisco Pinheiro, um agenciador de pistoleiros da região de Formosa/GO. Francisco Pinheiro foi quem gerenciou a execução do crime, tarefa na qual contou com a ajuda de José Alberto de Castro, que agindo a mando de Hugo Alves Pimenta, este último testa-de-ferro de Norberto Mânica.
Com a execução do único auditor fiscal de trabalho rural lotado naquela região, Norberto Mânica pretendeu assegurar a execução de outros crimes: a frustração fraudulenta de direitos assegurados na legislação trabalhista, mediante pagamento aos empregados de salários inferiores ao mínimo legal; retenção de CTPS, ausência de segurança e higiene, imposição de alimentação precária e insuficiente aos seus empregados; ausência de registros de vínculos empregatícios e embaraço à fiscalização.
Histórico
Segundo consta dos autos, um mês antes do crime, em dezembro/2003, Norberto Mânica havia sofrido uma fiscalização do Ministério do Trabalho, que importou na imposição de multas cujos valores previstos, cumulados, foram de R$121.924.924,60. Aliás, é de se ressaltar que, após a conclusão do inquérito pela Polícia Federal, o Ministério Público Federal recebeu novas provas em relação a Hugo Pimenta e Norberto Mânica.
Apurou-se, entre outros fatos, que uma semana depois do crime, integrantes da família Mânica estiveram em Brasília tentando cercear as investigações. Além disso, uma testemunha se negou a prestar depoimento alegando temor de represálias por parte de Hugo Pimenta.
Na denúncia, oferecida à 9ª Vara Federal de Belo Horizonte, os procuradores da República Mirian Moreira Lima, Mário Alves Medeiros e Edmundo Dias Júnior arrolaram 14 testemunhas de acusação.
Com informações são do Ministério Público Federal