Daniel Dutra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantes do governo federal, de universidades públicas e de organizações indígenas participam, hoje e amanhã (31), em Brasília, do seminário "Desafios para uma Educação Superior para os Povos Indígenas no Brasil". No encontro, que tem o apoio do Banco Intermericano de Desenvolvimento (BID), serão discutidas alternativas para uma política de ação afirmativa na educação superior compatível com a diversidade étnica do país.
"Pretendemos fazer uma articulação de universidades públicas e privadas, que pode viabilizar a inclusão a partir do sistema de cotas. Não se trata de um privilégio ou favor, mas de uma política de reparação necessária ao que foi feito de errado no passado", afirmou o representante da Secretaria Especial para Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Educação (Seppir/MEC), Douglas de Souza.
De acordo com o Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 700 mil indígenas e apenas 1% concluiu o ensino superior. Através das cotas, pretende-se aumentar esse percentual. "Assegurando o ensino, estamos criando um suporte para a construção do nosso futuro. Isso vai nos preparar para pesquisas e incentivar os debates sobre nossos problemas", afirmou a índia potiguara Iolanda dos Santos, representante da Articulação dos Povos de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (Apoinme).
Por meio da discussão sobre educação, os integrantes do seminário pretendem traçar metas para diminuir o preconceito étnico-racial no Brasil. Segundo Souza, o Brasil é um dos países mais denunciados na Organização dos Estados Americanos (OEA) por crimes de racismo."Essa questão nunca foi enfrentada no país. Há um compromisso do governo para resolver o problema, mas existem questões históricas que dificultam o trabalho", afirmou.