Irene Lôbo e Stefan Barth
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O Movimento Nacional de Luta contra a Aids e entidades não-governamentais realizam hoje (26) em doze Estados uma manifestação contra o descaso de autoridades locais nas ações de combate à doença. Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, João Pessoa e Goiânia participam do ato. As ONGs reivindicam a melhoria nas ações de prevenção e assistência aos portadores do vírus HIV.
Em Brasília, o Fórum de ONG/Aids do DF preparou uma carta de repúdio à Secretaria de Saúde. O documento afirma que os recursos destinados às ações de combate à Aids no DF, mais de R$ 1,3 milhão, estão indisponíveis há mais de um ano no caixa da Secretaria de Saúde.
Intitulado "Cadê o melhor programa de aids do mundo, aqui no Distrito Federal", o texto foi elaborado com base numa pesquisa realizada pelo Fórum de ONG’s Aids do DF na rede de serviços. A falta de preservativos, materiais educativos, kits para a realização de testes anti-HIV e medicamentos foram alguns problemas encontrados. A pequena quantidade de leitos para internação de soropositivos nos hospitais do DF é considerada a situação mais crítica no momento.
"A falta de leitos nos hospitais é uma coisa que tem nos desesperado bastante. Infelizmente isso tem feito com que pessoas passem dias e dias em corredores e emergências comprometendo ainda mais a saúde", afirma Ana Paula Prado, presidente da Associação Brasileira de Combate à AIDS-Grupo Arco-Íris e soropositiva há seis anos.
Ana Paula critica o processo de descentralização preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Atualmente, dentro de uma política do Ministério da Saúde de transferência de fundos e responsabilidades, os Estados da Federação assumiram responsabilidades com as ações de aids mas infelizmente isso não têm sido cumprido", desabafa.
Procurados pela Agência Brasil, nem o secretário de Saúde do Distrito Federal, Arnaldo Bernardino, nem a coordenadora da Gerência de DST/Aids do DF Josenilda Silva quiseram se manifestar sobre as acusações. Josenilda informou por meio de sua assessoria que "superiores impedem o seu trabalho". Já a assessoria de Bernardino disse que o secretário participa de um evento e só irá se manifestar quando retornar.
