Rio, 26/8/2004 (Agência Brasil - ABr) -A presidente da Associação Psiquiátrica do Rio de Janeiro, Vera Lemgruber, disse hoje que problemas como depressão, transtorno obsessivo- compulsivo (TOC), dependência química e doença do pânico, entre outros, não aumentaram com o crescimento da violência ou com a aceleração do ritmo de vida atual. Segundo ela, essas questões podem estimular, mas não são as causas dessas doenças que sempre existiram, "mas, agora, são diagnosticada e tratadas de forma melhor".
A psiquiatra participou do simpósio "Novos Horizontes – Psiquiatria e Neurociência", que abriu o Congresso Regional Latino-Americano do Colégio Internacional de Neuropsicofarmacologia, realizado em conjunto com a XIII Jornada da Associação Psiquiátrica do Rio de Janeiro, no Hotel Glória. O encontro, que irá até sábado (28), reúne 900 especialistas, entre psiquiatras, psicoterapeutas e neurocientistas do Brasil e do exterior. Serão apresentados os avanços no tratamento integrado entre mente, corpo e cérebro para diversas manifestações, que unem terapia e medicação.
Vera Lemgruber explicou que o comportamento do ser humano tem que ser analisado de forma integrada, não só atribuindo causas de manifestações ao meio de vida e nem somente à questão genética. "É toda uma bagagem que vai sendo, ao longo da vida, mudada, adaptada e que foi moldada pela família, especialmente nos primeiros anos de vida".
A psiquiatra disse ainda que a doença do pânico não está ligada à violência das cidades, já que a pessoa sente medo na rua, mesmo não sendo assaltado. "A questão é patológica, embora em cidades como o Rio, há motivos reais para se ter medo, mas isso não é causa".
Vera Lemgruber destacou que a medicação para esses casos evoluiu muito, como a voltada para o Mal de Alzheimer, que diminui a demência, tornando o processo mais lento e melhorando a qualidade de vida da pessoa. Citou ainda os remédios surgidos para problemas de TOC, que não existiam há 20 anos e que, em conjunto com terapia comportamental, são eficazes, além dos destinados à depressão. "Os remédios antigos causavam reações, como prisão de ventre, sonolência e problemas urinários", explicou.
No congresso serão apresentadas duas pesquisas brasileiras que apontam maior ocorrência de depressão, ansiedade e problemas de conduta em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, doença que atinge 5,5% de crianças e 4,5% dos adultos.