Fabiana Uchinaka
Repórter Agência Brasil
São Paulo – A falta de vagas em abrigos municipais de São Paulo é maior para adolescentes do que para crianças. Entre os cerca de 190 abrigos da capital paulista chega a sobrar vagas, mas não para adolescentes, por critérios de escolha das próprias instituições. Crianças encontram maior oferta de vagas em abrigos privados, mantidos sem recursos públicos. Essa constatação é da coordenadora geral da pesquisa "Por uma Política de Abrigos em Defesa das Crianças e dos Adolescentes na Cidade de São Paulo", Rita de Cássia Silva Oliveira.
A pesquisa constatou, entre novembro de 2002 e março de 2003, um total de 215 vagas em abrigos privados, 123 vagas ligadas à Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (SEADS), e 44 vagas conveniadas à Secretaria de Assistência Social do Município (SAS). Mas muitas das instituições privadas restringem o acesso das crianças e adolescentes pela idade. "Mais da metade (54%) dessas entidades atendem jovens de 0 a 18 anos. No entanto, alguns abrigos recebem apenas bebês, outros apenas crianças a partir de nove meses e alguns recebem somente crianças até oito anos", diz.
"Isso dificulta o processo de colocação dos jovens nos abrigos", afirma. As razões da exclusão são múltiplas: maior tempo de permanência das crianças mais novas na entidade, ausência de profissionais preparados para tratar dos adolescentes (psicólogos, por exemplo), necessidade de maiores recursos para as necessidades básicas do adolescente (incluindo material escolar), entre outros.