Mística se destaca na expressão cultural do MST

25/08/2004 - 3h27

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A mística é uma das principais formas de expressão cultural do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Pode ser definida como um ritual de valorização e afirmação da cultura desenvolvida pelos camponeses nestes vinte anos de organização social. Herança da igreja católica, cumpre na "liturgia" dos Sem Terra o papel que a missa ocupa no catolicismo. Normalmente, é realizada na forma de uma apresentação teatral, em que música, jogo de cena, poesia e mímica se misturam.

"Cada um tem uma interpretação, você entende de um jeito, eu de outro", adianta o ator Jusceli dos Santos, militante do MST. "Ela traz presente todos os nossos problemas do dia-a-dia, mas também emociona e nos traz força para que possamos encontrar as saídas". A dificuldade de conceituação da mística é fruto de sua característica "mutante". Em cada coletivo, acampamento ou assentamento assume uma determinada forma, próxima da realidade dos militantes que nele vivem e lutam. Também expõe as principais bandeiras do movimento. Na maior parte das vezes, evoca a luta pela terra e igualdade no campo.

De acordo com o geógrafo Bernardo Mançano, um dos principais estudiosos sobre o MST, "a mística é o sangue do movimento. Aonde ela corre, o movimento vive. Aonde não, ele morre. Acredito que isso é o que de mais novo existe". De acordo com Jusceli dos Santos é um espetáculo "mais encenado que falado, feito com movimento, imagem e símbolos". Segundo o ator, ela está absolutamente presente no dia-a-dia do movimento. "Em todos os encontros nacionais do MST, a primeira coisa que se faz, ainda pela manhã, é realizar a mística", explica.