Quase 10% do Congresso participam da Maçonaria, estima senador

20/08/2004 - 13h02

Elis Regina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Dia do Maçom, comemorado hoje no Brasil e lembrado em sessão solene no Congresso pela manhã, deu oportunidade para que parlamentares assumidamente pertencentes à congregação manifestassem seu orgulho. "Cada loja maçônica presta assistência a creches, viúvas, desempregados e a doentes. Fazemos isso sem nenhum tipo de propaganda, mas eu tenho dito, como maçom, que nós temos que dizer isso para a sociedade, pois, como não dizemos o que fazemos, outros dizem o que nós não fazemos", afirma o senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-PR).

O parlamentar apresentou quatro requerimentos pela realização de sessões solenes no Senado em homenagem ao Dia do Maçom. Mozarildo é um dos defensores de uma nova filosofia entre os "irmãos", como são chamados os integrantes da sociedade. Um dos princípios da maçonaria é o de não fazer publicidade de seus atos: "dar com uma mão sem que a outra perceba", explica ele. Para o senador paranaense, é tempo de fazer publicidade dos trabalhos sociais desempenhados principalmente pelas "cunhadas", identificação adotada para esposas de maçons.

Os números não são precisos, mas o senador estima que mais de 50 deputados e oito senadores representem a sociedade maçônica no parlamento. A identificação dos maçons é secreta, e uma das mais antigas tradições maçônicas refere-se aos símbolos que eles utilizam para identificarem uns aos outros e que só são conhecidos por quem faz parte do grupo. Apesar disso, alguns deputados e senadores são notadamente "assumidos" na sua condição de maçom.

O lema da revolução francesa "Liberdade, fraternidade e igualdade", que faz parte dos princípios adotados pela sociedade maçônica, não é citado somente por Mozarildo em seus discursos. O senador Luiz Otávio (PMDB-PA) explica que, embora a maçonaria não seja uma instituição política, tem desempenhado um papel importante na história política do país.

Mozarildo concorda com o senador do PMDB. Ele ressalva que a consolidação da democracia permitiu que hoje a maçonaria atuasse menos nessa área. "Hoje, nós não temos uma atuação consolidada do ponto de vista político, pois a democracia está consolidada. Não há mais necessidade de a maçonaria estar, ela em si, atuando, mas através de seus membros", observou.

As lojas maçônicas funcionam como células da sociedade e estão espalhadas em todos os Estados, onde os integrantes da sociedade se reúnem. A Maçonaria não admite, por tradição, as mulheres em suas Lojas como membros ativos, mas agora, segundo o senador Luiz Otávio, as mulheres também estão na maçonaria. "A participação da mulher na maçonaria foi um grande avanço", destacou. No Senado, os senadores Ramez Tebet (PMDB-MS), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) também são maçons "assumidos".