Gabriela Guerreiro e Paula Medeiros
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O projeto que cria o Conselho Federal de Jornalismo foi elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas, em conjunto com os 31 sindicatos de jornalistas existentes no país, todos filiados à Federação. A idéia começou a ser discutida durante o congresso nacional de jornalistas realizado em 1996, em Porto Alegre (RS).
O texto foi aperfeiçoado e aprovado por unanimidade, segundo a Fenaj, durante os congressos de jornalistas de 2000, em Salvador (BA), e de 2002, em Manaus (AM). A versão final foi ratificada este ano, durante o 31o Congresso Nacional de Jornalistas, em João Pessoa (PB).
No último dia 07 de abril, data em que é comemorado o dia do Jornalista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, no Palácio do Planalto, representantes da Fenaj e de sindicatos de jornalistas de vários estados. Os jornalistas relataram ao presidente que a principal reivindicação da categoria era a criação do Conselho. Lula se comprometeu, na época, em viabilizar o projeto – uma vez que, por ser uma autarquia, a criação do Conselho só pode ser efetuada por meio de projeto de Lei de autoria do Poder Executivo.
Assim que ouviu a reivindicação da Fenaj, o presidente Lula antecipou, em seu discurso durante a solenidade, a polêmica que a iniciativa viria a criar. "Eu acho que o que vocês estão reivindicando é possível de ser feito. Vocês sabem que vão tomar muito ‘cacete’, mas eu não tenho nenhuma preocupação de dizer para vocês que eu acho simpática a idéia de criar um Conselho", disse. "Obviamente, alguns irão dizer sempre que isso é intromissão na autonomia, na independência, que estão querendo fazer ingerência. Mas é só pegar os jornalistas de hoje que você vê que é tudo um bando de meninos e meninas muito jovens, ou seja, eu acho que uma instituição dessa poderia contribuir para fortalecê-los enquanto profissionais", afirmou.
Lula também disse, no discurso, que o Conselho seria um apoio para os jornalistas que têm seus textos alterados nos jornais, em detrimento da reportagem que realizam. "Eles saberiam que teriam um lugar para fazer a sua terapia, com as frustrações de quem sai de manhã para fazer uma matéria, trabalha que nem um condenado, escreve, passa a noite acordado, briga com gente, xinga o presidente, é xingado pelo presidente (o presidente nunca xinga) ou seja, vai para casa ou para a redação, escreve um texto, se mata para escrever esse texto, colocando ali os seus anos de escolaridade, a sua formação política-ideológica e, no dia seguinte, quando lê o jornal, aquilo que escreveu não está lá. Não tem nada mais dolorido do que isso, ou seja, é uma espécie de parir todo santo dia um filho que não aparece com a cara que as pessoas querem".