Gabriela Guerreiro e Paula Medeiros
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Segundo o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo, não há um controle do número total de jornalistas em exercício hoje no país, porque o registro da profissão é expedido pelas Delegacias Regionais do Trabalho. "Esse é mais um motivo para se criar o Conselho Federal de Jornalismo. Hoje, não se sabe nem o número de jornalistas nesse país. Como a atuação dos sindicatos é limitada, nós só sabemos quantos são sindicalizados", afirmou.
Atualmente, o Ministério do Trabalho e o da Educação não dispõem de estatísticas atualizadas sobre o número de jornalistas no país. A Fenaj também diz não saber ao certo quantos profissionais trabalham como jornalistas. Mesmo assim, a entidade estima que existam hoje cerca de 50 mil jornalistas em atividade no Brasil.
A Fenaj diz basear-se em dados do Ministério do Trabalho. De acordo com o órgão, cerca de 100 mil jornalistas foram registrados desde que a profissão foi regulamentada, há 62 anos. Muitos deles, porém, não exercem mais a profissão, admite o próprio ministério. Entretanto, não se vê forma de averiguar isso.
Já os sindicatos, de acordo com o presidente da Fenaj, representam cerca de 30 mil jornalistas brasileiros. Destes, aproximadamente 18 mil têm a mensalidade em dia. Nas últimas eleições para a presidência da Fenaj, em julho, apenas 4.980 jornalistas sindicalizados no país votaram, com 3.407 votos registrados para a chapa vencedora.
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, afirma que a Fenaj representa um universo muito pequeno da categoria. Ele diz que o projeto de criação do Conselho de Jornalismo não foi discutido amplamente com os profissionais. "Uma lei tem que atender à aspiração social. E que representatividade tem a Fenaj, se, na última eleição para presidente da entidade, pouco menos de cinco mil profissionais votaram?", questiona Azêdo.
Sérgio Murillo, porém, rebate a afirmação. Segundo ele, a representatividade da Fenaj é inquestionável. "A Fenaj é uma das únicas federações que realiza eleições diretas. Geralmente as eleições são feitas por colegiados. Como os jornalistas filiados estão espalhados por todo o Brasil, é difícil o acesso aos locais de votação. Mesmo assim, quase cinco mil votos é muito. Significa que aproximadamente 10% do número estimado de jornalistas em atividade participaram das eleições", afirma.
Para o professor do Departamento de Jornalismo da Universidade de Brasília Luiz Gonzaga Motta, a Fenaj efetivamente representa uma pequena parte do universo de jornalistas no país se for comparado o número total de profissionais em atividade com o daqueles registrados nos sindicatos (quase 100 mil registros expedidos até hoje, contra apenas 30 mil sindicalizados). Ele alerta, porém, que a Fenaj ainda é a entidade mais representativa da categoria. "Se os jornalistas não estão satisfeitos, devem lutar por uma outra Fenaj, inclusive com maior participação nas eleições", ressalta.
Na avaliação do professor, as discussões sobre a criação do Conselho Federal de Jornalismo não devem reunir apenas os jornalistas ou o governo federal, mas têm que ser ampliadas para toda a sociedade. "É uma proposta muito interessante, que provoca um debate que a mídia se nega a fazer. E o debate traz para a agenda pública um tema que deveria ter sido colocado para a sociedade há muito tempo", defende.
A ABI possui, segundo o presidente do Conselho Deliberativo da Associação, Carlos Alberto de Oliveira dos Santos, cerca de três mil filiados. Nas últimas eleições realizadas pela ABI, cerca de 400 filiados votaram. A Associação é integrada por jornalistas e empresários do setor de comunicação.