Pesquisadora diz que condições de vida pioram longevidade da população negra

19/08/2004 - 18h18

Cristiane Peres
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A população negra tem sete anos a menos na expectativa de vida em comparação com os brancos. Essa é a informação da pesquisadora e coordenadora do Componente Saúde do Programa de Combate ao Racismo Institucional, Fernanda Lopes. "Quando comparados aos brancos, os negros morrem antes da hora para quase todas as patologias. Homens e mulheres negros têm a esperança de viverem menos que os brancos no Brasil", afirmou durante o Seminário Nacional de Saúde da População Negra, em Brasília. Segundo ela, esse número só não é maior que o dos indígenas, que vivem 9 anos menos.

Para Fernanda Lopes, a pobreza, o racismo, as más condições de vida, habitação, trabalho e saneamento são apenas algumas das causas mais freqüentes para a baixa expectativa de vida. Além disso, destaca as dificuldades de acesso à informação e de acesso a um serviço de saúde de qualidade.

Segundo a pesquisadora, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera "evitáveis" essas causas de morte. "São doenças do aparelho respiratório, infecto-parasitárias, que poderiam ser evitadas se houvesse boas condições de vida ou assistência pré-natal de boa qualidade e que se contemplasse as necessidades particulares das mulheres negras e, geralmente, pobres", disse.

Outras causas apontadas pela pesquisadora são as chamadas "causas externas", que englobam homicídio, acidentes de trânsito e ataque por armas de fogo. "Quando comparamos a juventude negra com a juventude branca, notamos que a incidência dessas causas é muito maior para o primeiro grupo". Para Fernanda, esses dados mostram a importância de políticas inter-setoriais. "Não basta pensar em saúde bucal se 62% dos domicílios chefiados por negros não têm abastecimento público de água", afirmou.