Brasília, 19/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - A morte do brasileiro Sérgio Viera de Mello em um atentado ao escritório das Nações Unidas em Bagdá, no Iraque, há exatamente um ano, foi lembrada hoje com emoção pelo governo brasileiro. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, prestou homenagem à memória do funcionário das Nações Unidas e não escondeu a tristeza em ter perdido não apenas um colega de trabalho, mas um amigo pessoal.
Segundo Celso Amorim, Sérgio Vieira de Mello foi um homem de ação, que deu uma contribuição lógica e profunda para a reconstrução de países arrasados pela guerra ou pela extrema pobreza.
"O Sérgio era uma pessoa em que a lucidez, a coragem e o idealismo caminhavam juntos. É duro falar da morte dele, como foi duro entender. Ele foi vítima de uma ação tresloucada. E nesse caso, nem os loucos saíram ganhando", enfatizou o ministro durante a cerimônia em homenagem a Vieira de Mello, no Palácio do Itamaraty.
"Quanto mais "Sérgios Vieiras" de Mello nós tivermos, quanto mais nós nos inspirarmos no exemplo dele, mais chance nós teremos de ter um mundo como nós desejamos, pacífico, e próspero, e que cada um possa viver bem na sua terra, ou se quiser sair da sua terra porque queira, mas não porque seja obrigado, em harmonia com os demais", afirmou.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, mandou mensagem afirmando que o atentado em Bagdá mostrou ao mundo que a ONU não está imune a ataques, mesmo com a bandeira apartidária e de defesa da paz mundial. "A família da ONU sabe bem o que é violência e intimidação. Mas o atentado ao hotel nos mostra que podemos ter nos tornado um dos principais alvos da violência política", ressaltou o secretário-geral na mensagem.
Kofi Annan disse que "reza todos os dias" para que os responsáveis pelo atentado não permaneçam impunes. "As famílias e entes queridos de todos os que morreram tiveram que unir forças para prosseguir. Foi uma tragédia pessoal para todos, sobretudo para nós, que temos dedicado as nossas vidas às Nações Unidas", ressaltou.
A mãe de Sérgio Vieira de Mello, Gilda Vieira de Mello, também enviou carta ao Itamaraty. Ela lembrou que o filho aceitou a missão em Bagdá mesmo ciente dos riscos, mas com a certeza de que a ONU conseguiria reunir a confiança necessária para evitar conflitos com as mais diferentes facções iraquianas. Gilda Vieira de Mello diz na mensagem que a mais bela homenagem ao seu filho "é continuar a sua obra e humanizar a história".
Além de Sérgio Vieira de Mello, mais 21 pessoas morreram no atentado ao escritório da ONU em Bagdá, instalada no hotel Canal. O caminhão bomba que destruí grande parte do hotel estava carregado com 700 kg de explosivos. A autoria do ataque foi assumida pelo jordaniano Abu Musab Al-Zarqawi, líder da rede terrorista Al-Qaeda no Iraque.