Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O cenário econômico atual pode favorecer e dar melhor condição para os sindicatos se organizarem nas negociações salariais, buscando a recomposição da renda e ganho real no segundo semestre. A opinião é do presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, segundo o qual "as categorias se encontram em melhor condição para arrancar esses reajustes salariais".
Em São Paulo, a campanha salarial no segundo semestre mobilizará 38 categorias filiadas à CUT. São cerca de 1,5 milhão de trabalhadores, entre bancários, metalúrgicos, químicos, papeleiros, médicos, petroleiros e gráficos, entre outros. O balanço parcial do primeiro semestre deste ano sobre as negociações salariais dos setores público e privado filiados à CUT "é bem melhor em relação ao ano passado", comentou Marinho.
Segundo levantamento preliminar da Secretaria de Política Sindical da CUT-SP, de 17 sindicatos consultados, 14 (82,3 %) fecharam acordos acima da inflação do período; dois (11,8 %) ficaram abaixo da inflação e um (5,9 %) zerou as perdas do período. O cálculo é feito pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE.
As categorias que ficaram acima da inflação, com reajustes entre 5,6 % a 10,38 % são dos setores de vestuário, educação, alimentação, químicos, transporte e serviços. Os sindicatos que fecharam abaixo da inflação são os dos metroviários e trabalhadores da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Os condutores do ABC conseguiram apenas repor a inflação do período. O balanço completo da campanha salarial do primeiro semestre será divulgado na próxima semana.
Apesar dos indicadores positivos no desempenho da economia, Marinho avalia que o momento é de comemoração, mas com ressalvas. Segundo ele "estamos empatando o jogo, mas tem gente que acha que estamos ganhando de goleada".No encontro realizado na capital paulista, a direção nacional da CUT, discutiu a conjuntura nacional e concluiu que ainda existem problemas para resolver e garantir o crescimento sustentado da economia.
Em nota divulgada hoje, após o encontro, a CUT avalia que "mais que metas de inflação e recordes de arrecadação o país precisa pensar em desenvolvimento a partir da valorização do trabalho formal e do crescimento da produção de bens de valor agregado e do consumo, do estabelecimento de metas sociais como a geração de emprego, metas de aumento de salário médio, massa salarial e distribuição de renda".
Ainda de acordo com a nota "ao chamar a atenção para as fragilidades deste modelo de crescimento, a CUT propõe ao governo aproveitar este momento para liderar um amplo processo de negociação na sociedade brasileira com o objetivo de superá-las".Segundo Marinho, esse modelo econômico tem a inflação como único indicador e pode "sustentar a economia por um período curto, até 2005, 2006, mas não vai além".