Alemães conhecem projetos sociais no Brasil apoiados pelo governo de seu país

19/08/2004 - 14h50

Brasília, 19/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - Desde o início do mês, 17 assessores de parlamentares dos mais variados partidos alemães passaram por três estados (São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia) e o Distrito Federal para conhecer os projetos sociais apoiados pelo governo de seu país. Durante as visitas, eles tiveram acesso à política econômica brasileira e às melhorias trazidas pelos projetos, mas conheceram também um dos maiores problemas do país: a desigualdade social.

A viagem ao Brasil surgiu de uma iniciativa das agências alemãs de cooperação internacional: Misereor, ligada à Igreja Católica alemã, e a Missão Central dos Franciscanos, da Ordem dos Franciscanos. A idéia das agências era mostrar aos assessores que a industrialização e os excelentes resultados no setor agrícola conquistados pelo país não chegam a toda a população.

De acordo com o representante da Misereor no Brasil, Anselm Meyer-Antz, os assessores ficaram impressionados com o fato de muitos parlamentares atuarem a favor de seus interesses em detrimento das necessidades da nação. "Muitas vezes, ficavam impressionados com as coisas que viam, tanto as boas iniciativas e os movimentos sociais que estão enfrentando este desafio da forte desigualdade social, mas também com as injustiças que permanecem. Ficaram impressionados com a presença forte de setores elitistas no Senado e também na Câmara dos deputados", explicou Anselm.

Os assessores conheceram catadores de lixo, assentados rurais, mulheres que deixaram a prostituição, jovens que saíram da criminalidade e crianças que vivem em situação de risco. Segundo Anselm, a viagem também tinha como objetivo garantir que o governo alemão mantenha o apoio financeiro aos projetos sociais. Só a agência Misereor aplica mais de 12 milhões de euros por ano em 223 projetos. Nos últimos anos, foram aprovados cerca de 150 projetos.

Os alemães encerraram a viagem com um encontro com o deputado Orlando Fantazzini (PT/SP). O deputado petista mostrou aos alemães as deficiências do sistema prisional brasileiro, o corporativismo das polícias, as dificuldades que o governo vem enfrentando para atingir as metas previstas na reforma agrária e a questão indígena. "Não vamos conseguir construir essa meta, enquanto não conseguirmos ajustar esses órgãos (Funai, Incra) e fazer também com que haja recursos suficientes e necessários para serem alocados para que, então, essas políticas possam ser gradativamente avançadas". O deputado destacou, no entanto, que o governo deveria ter uma posição mais dura em relação à sua política econômica, em especial com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Fantazzini disse também que a visita permitiu aos assessores ter contato próximo com a realidade brasileira. "A gente tem que quebrar alguns mitos. Uma das assessoras disse que tinha a informação de que aqui no Brasil nós torturamos as crianças nas escolas. É importante a gente quebrar esses mitos. Geralmente, pega-se uma notícia isolada e essa notícia isolada é que encontra eco no exterior. Uma coisa é você ler, outra coisa é você viver e presenciar",ressaltou.

Os assessores alemães vão fazer uma avaliação sobre as experiências sociais realizadas no Brasil, que será distribuída para os seus parlamentares.