Brasília, 18/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - O subsecretário de Planejamento e Orçamento do Ministério da Saúde, Valcler Rangel Fernandes, afirmou que a mudança na formação dos profissionais de saúde é fundamental para reduzir as desigualdades raciais na área. "É um ponto-chave. Formar o profissional de saúde com uma noção exata do que sejam os problemas relativos à população negra é fundamental para que a gente quebre, de uma vez por todas, o que a gente tem de discriminação racial", defendeu Rangel. Ele falou no Seminário Nacional de Saúde da População Negra, promovido pelo ministério e pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Segundo o subsecretário, o Plano Nacional de Saúde, aprovado há duas semanas pelo Conselho Nacional de Saúde, tem metas específicas para diminuir as desigualdades em relação à população negra. "O plano coloca uma visão baseada, principalmente, na existência de desigualdades no país, que se verificam sob o aspecto territorial, de gênero, sócio-econômicas e também do ponto de vista da raça. Então, na hora em que estamos definindo metas voltadas para a redução das mortalidades materna e infantil, para a questão da anemia falciforme, que é uma doença hereditária, de característica genética, mas que atinge fundamentalmente a população negra, às populações remanescentes de quilombos, temos que pensar nas particularidades dessa fatia da população", explicou.
Para a pesquisadora Fernanda Lopes, autora de estudo que mostra a iniqüidade na situação de saúde da população negra, o plano representa um avanço na medida em que passa a considerar a dimensão racial. "O problema sai da invisibilidade e passa a existir a necessidade de um compromisso dos governos, sejam municipais, estaduais ou federal", observou. Mas, na avaliação de Fernanda, o plano destaca apenas necessidades relacionadas à anemia falciforme e à vida nos quilombos. "Ainda estamos trabalhando para que outras necessidades que vão além desses grupos também sejam contempladas", defendeu.