Autogestão é resposta do trabalhador ao desemprego

18/08/2004 - 16h32

Núcleo de Pesquisas
Agência Brasil

Brasília - A solução não é nova e muito menos brasileira. Já foi adotada por diversos países do mundo, como Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e Itália. No Brasil, cada vez mais trabalhadores lançam mão da autogestão, em resposta à crise econômica dos últimos 15 anos. Assumir empresas falidas e administrá-las por autogestão foi a maneira encontrada por milhares de trabalhadores que se viram, da noite para o dia, "no olho da rua".

"No bojo da grande crise de desemprego em massa e bancarrota de indústrias, que se seguiu à abertura do mercado às importações a partir de 1990, ampliada em 1994 pelo Plano Real, milhares de empresas fecharam as portas e milhões perderam os empregos", lembra o economista Paul Singer, secretário nacional de Economia Solidária. Segundo ele, é nesse cenário que floresce a economia solidária no Brasil.

No início dos anos 90, o movimento sindical também foi pego de surpresa. De acordo com relato de Luigi Verardo, um dos fundadores da Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão e Participação Acionária (Anteag), os sindicatos representam o patrão ou o empregado com carteira assinada; fazem negociações, acordos etc. A estrutura sindical subentende uma paridade, uma representação de um lado e de outro.

"Não dava para o sindicato assistir esses desempregados, pois eles não pertenciam mais ao campo da ação sindical. Isso virou um novo desafio para nós, tínhamos que dar alguma resposta àquela realidade. Foi aí que começamos a tirar leite da pedra: tivemos que aprender sobre a experiência da Europa, dos Estados Unidos e de outros países. Começamos errando, erramos muito", revela.

A Anteag foi criada a partir da equipe que compunha a antiga Secretaria de Formação do Sindicato dos Químicos de São Paulo, em 1991. "A Anteag surgiu como uma resposta ao desafio colocado aos trabalhadores que conseguem – em geral, após muita luta – ficar com a massa falida de suas ex-empresas ou com o patrimônio, geralmente deteriorado, de sua empregadora em processo falimentar", explica Paul Singer.

A Anteag foi uma das entidades organizadoras do 1º. Encontro Nacional de Empreendimentos de Economia Solidária, realizado no ultimo final de semana em Brasília. O evento reuniu cerca de 2.300 delegados, representando parte dos 27.000 empreendimentos existentes hoje no país, dentre os quais, milhares de empresas de autogestão. Durante três dias, eles debateram os rumos da economia solidária.

Mais informações sobre a autogestão podem ser obtidas na página da Anteag, na internet: www.anteag.org.br.