Plebiscito significa reforço da democracia para a América do Sul, diz chanceler

16/08/2004 - 16h46

Lourival Macedo
Repórter da Agência Brasil

Santo Domingo - O plebiscito realizado neste domingo na Venezuela, que confirmou a permanência do presidente Hugo Chávez no poder, significa um reforço da democracia para a América do Sul. A afirmação foi feita hoje pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à República Dominicana, onde assistiu hoje à posse do novo presidente do país, Leonel Fernández Reyna.

O chanceler Celso Amorim falou por telefone com o secretário-geral da Oranização dos Estados Americanos (OEA), César Gaviria, com o representante brasileiro na organização, Valter Pecly, e com o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, que está em Caracas na qualidade de observador internacional do plebiscito. "O sentido das informações que eles me passaram é de que o pleito ocorreu de maneira legítima e que as indicações obtidas confirmam, grosso modo, os resultados parciais anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral, o que nos deixa satisfeitos", afirmou o ministro.

Amorim lembrou que, no início de 2003, quando o presidente Lula tomou posse, já havia muitas sugestões, inclusive de plebiscito imediato e de eleições antecipadas, para retirar o presidente Hugo Chávez do governo, e culminou até com o golpe que fracassou. "Nós estamos convencidos de que o nosso esforço com a criação do Grupo de Amigos e de facilitar o diálogo entre os venezuelanos conduziu a essa situação, que é positiva", disse o chanceler.

"Evidentemente, haverá dúvidas, o que é normal numa eleição, o que já vimos muitas vezes no Brasil", ressaltou o ministro. Para ele, não se deve dramatizar o processo, pois o importante agora é que o povo venezuelano seja capaz de encontrar os caminhos da reconciliação, respeitando as diferenças, que é o que mais se deseja em qualquer democracia.

O chanceler lembrou o importante papel desempenhado pelo Brasil no processo de fortalecimento da democracia no continente. Segundo Amorim, esse esforço foi reconhecido por todos. Ele informou que, ontem mesmo, recebeu uma mensagem do secretário-geral da Organização das Nações unidas (ONU), Koffi Annan, agradecendo o papel do Brasil e do presidente Lula no processo de assegurar a democracia, ao criar o Grupo de Amigos da Venezuela.