Economia solidária coloca em primeiro lugar a pessoa e o fruto do seu trabalho

16/08/2004 - 18h30

Paulo Machado
da Agência Brasil

Brasília - Realizado em Brasília, no ultimo fim de semana, o 1º Encontro Nacional de Empreendimentos da Economia Solidária reuniu 2200 lideranças de organizações da sociedade civil representando os 27 estados, dentre elas a Irmã Loudes Dill, da direção regional da Cáritas, da diocese de Santa Maria (RS), uma das mais antigas experiências de economia solidária.

O projeto esperança é um programa da diocese Santa Maria, em parceria com a Cáritas estadual do Rio Grande do Sul e a Cáritas Nacional, que trabalha há 20 anos com a economia popular solidária. A idéia inicial partiu do livro "A pobreza e a riqueza dos povos", cujo autor, um africano, há 40 anos, fomentava a idéia de que é possível reinventar a economia, tornando-a mais solidária.

"Neste encontro, estamos discutindo como fazer para que a economia seja mais solidária, mais partilhada e que o trabalhador e a trabalhadora que produz os bens e riquezas da humanidade tenham um acesso mais justo e mais solidário aos frutos de seu trabalho", explica a religiosa.

"A partir desse livro nós fizemos muitos encontros, seminários, reuniões, e estudos, contando com o apoio do bispo na diocese, Dom Ivo Lorscheider, ex-presidente Nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ( CNBB), que também é um grande apoiador da economia solidária e do cooperativismo. Esse programa surgiu e está presente em toda a diocese de Santa Maria e também em todo o Rio Grande do Sul há cerca de 20 anos. Juntamente com o Projeto Esperança, foi criada uma cooperativa central chamada Cooesperança, que é a cooperativa mista dos pequenos produtores rurais e urbanos, vinculados ao Projeto Esperança, reunindo pequenos grupos de cinco famílias organizadas em associações. Essas associações, depois de criadas pelo Projeto Esperança, se associam a Cooesperança, uma cooperativa central que articula grupos rurais e urbanos em torno da produção, comercialização e do consumo justo, ético e solidário. A Cooesperança fomenta a economia popular solidária por meio de uma outra filosofia: a lógica do trabalho acima do capital. Enquanto o capitalismo coloca o capital acima do trabalho, acima da pessoa humana, na economia solidária, o que está em primeiríssimo lugar é a pessoa humana e o fruto do seu trabalho", destaca Irmã Lourdes.