''Apagão'' logístico pode atrapalhar retomada do desenvolvimento, diz empresário

16/08/2004 - 15h18

Ubirajara Jr
Editor de Economia da Agência Brasil

Brasília - Muitas das questões que bloqueiam o caminho da retomada do desenvolvimento do país são de ordem política e não econômica, dizem os empresários. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, lembrou na semana passada que o Conselho Temático de Infra-estrutura da entidade verificou que se não houver um ciclo de investimentos, sobretudo do setor privado, e se o Estado não criar condições mínimas para voltar a investir em infra-estrutura, o Brasil pode sofrer um colapso nesse setor.

É visando ao equacionamento dessas questões que empresários dos mais diversos segmentos se encontram, de quarta a sexta-feira desta semana, em São Paulo, no Fórum Transnacional de Comércio Exterior. "Teremos um bom número de empresários mostrando como conseguiram derrubar barreiras e encontrar soluções que permitiram aumentar suas demandas, com a conquista de mais espaços no mercado", conta Ricardo Demasi, um dos organizadores do evento.

Entre os assuntos em pauta no fórum está a questão dos portos secos. Muitas empresas, diz ele, ainda não se servem dessa ferramenta que permite economizar tempo e dinheiro na exportação e importação de produtos.

Demasi lembra que os portos marítimos nacionais hoje estão mal aparelhados, são caros, o que contribui para embaraçar as transações comerciais. "Desta forma, o porto seco é uma ferramenta que deve ser buscada pelo empresário", principalmente por aqueles instalados distante do litoral.

Uma das finalidades do porto seco é agilizar a documentação da mercadoria enquanto se aguarda pelo embarque. "Quando a carga deixa o porto seco ela já está com seu organograma traçado, ou seja, chega ao porto quando o navio já está atracado e não fica em fila de espera", diz Demasi.

A carga não ficando parada a empresa proprietária não perde tempo nem dinheiro e pode programar com exatidão a saída e o recebimento de produtos, explica o empresário. Ele diz que o quesito transporte é hoje um dos mais preocupantes ao empresariado.

Se não houver investimento e uma política séria e firme por parte do governo e da iniciativa privada nessa direção Demasi acredita que poderá ocorrer um "apagão" logístico com significativo prejuízo para o país.