Marcelo Gutierres
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre os níveis de sobrevivência de pequenos empreendimentos no Brasil, mostra que as taxas de falências nesses empreendimentos é maior do que em outros países. Segundo o gerente de Estratégias e Diretrizes do Sebrae-SP, Gustavo Morelli, isso também acontece com as empresas no exterior. Ele revelou que a mortalidade é alta - normalmente 30% na França e Itália - mas admitiu que os 50% registrados no Brasil são preocupantes.
De acordo com o estudo Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil, os empreendimentos de pequeno porte (com no máximo nove funcionários e faturamento anual de até R$ 120 mil) são os mais atingidos. Segundo Morelli, 80% dos que vão à falência recuperam menos de 50% do valor investido, ou seja, perdem quase todos os seus recursos e dificilmente conseguem abrir um novo negócio.
Para Morelli, o detalhe preocupante desse processo é que parte significativa dos novos empreendedores é formada por profissionais demitidos, que investem suas economias e o que receberam em indenizações. Outra parte desses empreendedores é composta por profissionais da iniciativa privada que deixam o trabalho para abrir seu negócio.
O Sebrae consultou os donos de 5.727 empresas em todos o país, abertas entre 2000 e 2002. Eles responderam a um questionário espontâneo, ou seja, sem sugestão prévia de respostas. Os principais fatores de mortalidade identificados foram falhas gerenciais, como, por exemplo, o falta de planejamento na abertura do negócio; a escassez de capital de giro; alto endividamento; ponto comercial em local inadequado, causas econômicas conjunturais e a alta tributação.
A pesquisa está disponível no site nacional do Sebrae (www.sebrae.com.br). Morelli adiantou que outra pesquisa sobre o setor informal, em parceira com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está em andamento e deverá estar concluída no primeiro trimestre de 2005.