Rio, 10/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse hoje que a polícia do Estado está muitas vezes "fora de foco", porque as modernizações que vêm sendo feitas na instituição nos últimos cinco anos não foram suficientes para acompanhar as mudanças da sociedade. Na abertura de seminário que discute mudanças na formação policial, Garotinho chegou a chamar a polícia de "esquizofrênica".

"O policial é chamado a atuar de formas diferentes e fica confuso diante das situações. Acredito que se o policial tivesse que se autodesenhar, com sinceridade, acho que teríamos imagens esquizofrênicas, porque hora é levado por uma coisa, hora por outra", disse Garotinho na palestra.

O comandante da Polícia Militar, coronel Hudson Aguiar Miranda, admitiu que, ao longo dos anos, a instituição adquiriu culturas diferentes e que é difícil abandonar preconceitos. "Ele (Garotinho) se referia apenas, no meu entender, a essa questão que já está conosco há anos. Criou-se algo estanque que não pudesse ser mudado, mas os tempos são diferentes. Nós estamos em uma sociedade que precisa se aproximar da polícia e nós temos que encarar as instituições como um sistema aberto, interagindo com a população", acrescentou o coronel.

O comandante da PM disse que a proposta de reformulação da formação policial que está em estudo pela cúpula da Segurança Pública do Estado unifica os currículos das polícias civil e militar, para que o policial tenha a mesma formação e siga as mesmas diretrizes para a prestação do serviço à população.