Lula diz que parcerias ajudam Brasil a crescer e gerar emprego

09/08/2004 - 7h52

Jornalista - Presidente Lula, as grandes redes de supermercados estão anunciando a queda do preço do feijão, do arroz e da farinha de mandioca por conta da isenção da Cofins e do PIS sobre esses produtos. Os supermercados conseguiram com os seus fornecedores repassar a redução do preço para o consumidor. É essa colaboração dos empresários com o governo que o senhor vem dizendo ser fundamental para o crescimento do Brasil, presidente?

Presidente Lula - Eu acredito que o que aconteceu é um exemplo muito forte de como um pouco de conversa, de como o estabelecimento de parcerias pode ajudar o nosso país a crescer e a gerar empregos. Quando eu editei a Medida Provisória que reduz o preço do feijão, do arroz e da farinha de mandioca, eu tinha consciência de que, pelo fato de ser uma Medida Provisória e ser transformada em lei, seria cumprida pelos empresários. Mas o que é agradável é saber que os empresários tomaram a iniciativa não só de prontamente reduzir os preços desses produtos para os consumidores, mas inclusive de fazerem propagandas mostrando que eles vão repassar para o consumidor a redução dos preços em função da redução da Cofins e do PIS. Isso demonstra o quê? Isso demonstra que há no Brasil hoje mais do que uma legislação que obriga a pessoa reduzir os preços, mas existe uma compreensão do governo, dos empresários e da sociedade de que, com um pouco de solidariedade, com um pouco de sensatez de todos nós, o Brasil pode andar muito mais rápido, o Brasil pode dar passos muito mais largos, para que a gente atinja a plenitude do desenvolvimento, que é o desejo de todos nós.

Por isso, eu estou satisfeito com o comportamento de todos os donos de supermercados, das cadeias de supermercados, pelo empenho, eu diria, pela pressa com que eles agiram para que o consumidor fosse o grande beneficiado. Você sabe que isso é resultado de uma discussão que começamos a fazer ainda em março de 2003, quando juntamos os governadores para discutirmos a Reforma Tributária. Agora nós estamos aperfeiçoando e eu diria que outras coisas vão acontecer. Porque o governo não quer ser o dono da verdade, o governo não quer saber tudo. O governo quer ter ouvidos grandes para ouvir a sociedade e na medida em que a sociedade vai apresentando as boas idéias nós vamos tentando colocá-las em prática, transformando em lei e eu acho que isso vai beneficiar todo mundo.

Jornalista - O senhor falou nessa semana sobre uma nova relação do governo com o empresariado. Parece que já está acontecendo através dessas medidas que nós falamos no início do programa e o importante é que chegue ao consumidor final, exatamente?

Presidente Lula - Olha, o que nós estamos colocando em prática é uma coisa em que eu acredito. Eu aprendi na minha vida política a negociar, a vida inteira. Eu fiz isso no movimento sindical e faço isso no governo. Nós fizemos mais ou menos noventa dias atrás, uma reunião com a CNI e todas as 27 Federações das Indústrias do país. Eles apresentaram um conjunto de propostas, nós analisamos as propostas e na última sexta-feira, em Belo Horizonte, nós tivemos o prazer de fazermos a segunda reunião com a CNI e mais 27 presidentes de Federações e poder discutir com eles o atendimento de algumas coisas que eram um pleito de empresários para que a gente pudesse reduzir alguns impostos, facilitar para que as empresas tivessem mais capital de giro, mais dinheiro para investimento, mais geração de empregos, mais geração de salários, conseqüentemente mais geração de rendas. Esse é o mundo que nós buscamos construir.

Jornalista - Concretamente, o que foi tomado de providência, presidente, nesse sentido?

Presidente Lula - Nós anunciamos a criação de um regime tributário especial para estimular os investimentos nos portos, ou seja, todas as máquinas e equipamentos para modernizar os portos ficaram isentos de impostos. Nós anunciamos a redução de IPI sobre máquinas e equipamentos para a indústria; nós anunciamos modificações no Imposto de Renda para aplicações; nós anunciamos isenção tributária para o setor imobiliário, e nós anunciamos redução da alíquota do IOF para seguro de vida que está há muito tempo parado e que não crescia, então nós resolvemos tomar uma atitude para ver se estimulamos o setor.

Jornalista - Presidente, o que o governo espera obter com esse pacote de medidas?

Presidente Lula - Que os empresários, tendo um pouco mais de recursos, possam investir mais nas suas próprias empresas, possam comprar novos equipamentos, possam contratar novos trabalhadores, possam produzir mais, ganhar mais, gerar mais empregos, gerar mais riquezas. É para isso que nós fizemos as medidas que fizemos e eu estou convencido de que isso vai acontecer. Isso vai acontecer não hoje, não amanhã. Isso vai acontecer daqui um determinado tempo até as empresas começarem a colher os frutos dessas medidas que nós anunciamos.