Rio, 9/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de isentar de tributação produtos da cesta básica como o arroz e o feijão deve provocar uma redução entre 6% e 8% nos preços desses produtos. A expectativa foi manifestada nesta segunda-feira, em entrevista à Agência Brasil, pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), Ailton Fornari.
Segundo ele, esta redução já pode ser constatada em algumas redes de supermercados. Ele ressaltou, no entanto, que os momentos de compras diferem de estabelecimento para estabelecimento. "À medida que forem negociando, os supermercados vão pressionar mais os fornecedores para que façam o repasse da isenção. Isto já está acontecendo e continuará, conforme as negociações forem se sucedendo", disse.
Fornari, que também preside a Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, disse que as taxas de inflação para o total da economia também devem sofrer uma pequena queda. "Embora no que diga respeito ao nosso setor os preços já estejam relativamente estabilizados há uns três meses, a isenção da cobrança de PIS/Confins sobre os produtos da cesta básica também deverá provocar uma pequena queda em alguns desses produtos", disse. Segundo ele, isso fatalmente levará, de uma maneira geral a uma queda da inflação.
Ao falar sobre o assunto, o coordenador de Índices do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros, previu influência da decisão do governo sobre as taxas de inflação. "Acho que, toda vez que você tem isenção fiscal, fica mais fácil para controlar a inflação", disse. Para ele, pode nem haver redução imediata nos preços, uma vez que há setores com margens de lucro mais apertadas, mas isso permite ficar mais preparado para quando houver nova pressão. Quadros citou como exemplo o aumento do custo de matéria prima, que não obrigaria o repasse imediato. "Então, isso dá um pouco mais de fôlego e estabilidade futura para a inflação", concluiu.