Informações sobre Meirelles não têm CPI do Banestado como fonte, afirma senador

05/08/2004 - 19h06

Gabriela Guerreiro e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), negou hoje que a Comissão tenha repassado documentos fiscais do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, à revista Veja. O senador também ressaltou que é importante manter "a mais absoluta calma e precaução" na análise das denúncias publicadas na edição online da revista, veiculada hoje na Internet, por estarem se referindo a uma autoridade pública.

A CPI do Banestado investiga remessas irregulares de pelo menos US$ 30 bilhões para o exterior por meio de operações envolvendo agências do antigo banco público do estado do Paraná em Foz do Iguaçu (PR) e Nova York (EUA), utilizando as chamadas contas CC-5. Essas contas seriam destinadas a atender brasileiros no exterior e empresas com sedes em outros países, mas foram utilizadas para sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.

Segundo Paes de Barros, a comissão não teve acesso a nenhum documento fiscal de Henrique Meirelles, uma vez que o presidente do Banco Central não está sendo investigado pela CPI. "A Comissão só requisitou declarações de Imposto de Renda de pessoas que têm requerimento na CPI. E não há declaração de Imposto de Renda do senhor Henrique de Campos Meirelles na CPI do Banestado. É a informação segura que tenho de nossa assessoria", enfatizou Antero Paes de Barros.

"Até ontem, minha assessoria dizia que não existe nada que envolva o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. E a revista Veja traz riqueza de detalhes. É importante checar isso", afirmou o senador. Paes de Barros disse ter determinado a imediata checagem dos dados apresentados pela revista junto à CPI.

Segundo a revista, documentos da CPI do Banestado apontam que Meirelles teria remetido, em outubro de 2002, pouco mais de US$ 50 mil para uma conta titulada por doleiros investigados por lavagem de dinheiro nos Estados Unidos. Além disso, segundo a revista, a transação de Meirelles não aparece em sua declaração de renda entregue à Receita Federal na época, e o presidente do Banco Central teria retirado o dinheiro de uma conta no banco Goldman Sachs, nos EUA, como mostram documentos da CPI.

Paes de Barros também afirmou que vai aguardar as explicações do presidente do Banco Central sobre o caso, as quais ocorreriam, segundo a revista, ainda hoje. O presidente da CPI admitiu que a Comissão possui informações referentes ao MTB Bank, em Nova York, onde os doleiros supostamente envolvidos no caso possuem contas bancárias. O senador reiterou, porém, que a CPI não havia detectado irregularidades nos documentos do MTB Bank. Além disso, Paes de Barros garantiu que não existe um relatório de 50 caixas de posse da CPI, como afirma a revista, com informações sobre o grupo Biscay Trading, de São Paulo, que teria recebido parte do dinheiro enviado por Meirelles.

Defesa

O líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), rebateu as denúncias por meio de sua assessoria. Na avaliação do líder, os vazamentos de informações estão ocorrendo para "desestabilizar" o presidente do Banco Central como "táticas irresponsáveis por parte do PSDB". Segundo Professor Luizinho, o PSDB "começa a enxergar que perdeu o jogo do poder" no país. "A maior prova disso é que o governo do presidente Lula colocou a economia nos eixos, está fazendo os empregos voltarem, e o PSDB está desesperado com isso", enfatizou.

O senador Antero Paes de Barros disse estar "torcendo" para que os dados apresentados pela revista não batam com as declarações de Imposto de Renda de Henrique Meirelles. "Como brasileiro eu torço para que esses dados não batam. Se houver coincidências, o Brasil vai reclamar providências urgentes", encerrou.