Brasília, 5/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - Políticas para tornar a internet acessível às classes populares foram discutidas hoje entre representantes do governo federal e da Federação Mundial das Organizações de Engenharia (FMOI) durante o seminário "A sociedade da informação: desafios e oportunidades estratégicas para o desenvolvimento", realizado pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e agronomia (Confea).
O secretário Nacional de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Roberto Jaguaribe, afirmou no encontro que, apesar de o Brasil ser um país com ônus e uma dívida social gigantesca, a inclusão digital é um atalho para a inclusão social. Segundo ele, importantes conquistas do Brasil na área macroeconômica, inclusive a redução da normatividade da macroeconomia, têm valor social significativo porque a inflação afeta, em particular, as classes sociais menos favorecidas.
"A dívida social brasileira é muito grande e é uma questão que requer recursos, sem sombra de dúvida. A manutenção de uma normatividade muito reduzida na economia é fator muito importante e precisa haver contenção de gastos. É preciso equilibrar a demanda social com a demanda macroeconômica, fator subliminar importante para qualquer tipo de progresso", afirmou.
Jaguaribe explicou que os países que adotam políticas apropriadas no segmento de tecnologia de informação e de comunicação têm condições de acelerar seu processo de desenvolvimento, de capacitação, de inclusão social e redução de disparidades regionais, nacionais e internacionais. De acordo com Jaguaribe, o governo já tem projetos na área digital. Um deles é a implantação de telecentros de informação e negócios, sistema de inclusão digital voltado para o microempresário.
Arranjos produtivos
Jaguaribe destacou também a importância dos Arranjos Produtivos Locais (APL), do ponto de vista social. Em sua opinião, a modalidade é "importante para fomentar as capacidades regionais mais evidentes, permitindo geração de emprego e renda".
Para o presidente do Confea, Wilson Lang, a integração de todo o mundo através do sistema de informação faz com que o universo do cidadão se expanda. "Ele passa a ser mais exigente, mais cidadão, e a cobrar mais seus direitos", disse Lang.
Segundo Lang, o governo precisa investir em tecnologia aberta, programas em que não é necessário o pagamento de royalties para o uso da tecnologia. "É preciso integrar todos os gestores públicos para potencializar os poucos recursos que temos. É um grande desafio e por isso é importante que o MEC participe da discussão para mobilizar suas instituições para desenvolverem esses softwares", acrescentou o presidente do Confea.
De acordo com o Confea, 1.400 pontos de recepção via satélite estiveram conectados ao seminário, em todo o país.
Carência de professores
De acordo com a Secretaria de Educação à Distância do Ministério da Educação, há uma carência de 70 mil professores de ensino médio de química, física e matemática. Para o diretor do Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores, Zuhair Warwar, o governo deve investir em educação e alternativas criativas para agilizar a política de inclusão social.
"A Embraer, que é brasileira, vende projetos de aviões a China e outros países. Mais de 50% de riqueza do mundo é conhecimento. O G-7, grupo dos sete países mais ricos, produz 98% do conhecimento do mundo, e isso é quase um dumping do conhecimento. Quando se agrega valor ao produto com conhecimento, cria-se emprego e renda. Então, temos que pensar em políticas industriais, de educação, que visualizem a educação e a formação que permita ao cidadão se inserir no processo", concluiu Zuhair Warwar.