Escola técnica da Fiocruz tem ensino diferenciado

05/08/2004 - 6h32

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - Liduína Rebouças tem 16 anos, mora no Engenho de Dentro, zona norte do Rio, e está fazendo o segundo ano do curso de nível médio de Vigilância Sanitária da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fundação Oswaldo Cruz. A opção pela escola teve uma razão simples. É o primeiro passo para a carreira que pretende seguir. "Eu quis vir para cá sabendo que a Fiocruz é uma referência na área de Saúde e porque eu quero fazer Medicina." Para Liduína o mais importante no currículo é o ensino diferenciado da instituição.

"A nossa escola cria cidadãos mesmo e ensina a lidar com as pessoas. A gente aprende a cuidar delas e não só do problema", explicou a vice-diretora de ensino da escola, Isabel Brasil. Isso, segundo Liduína, vai fazer diferença no mercado de trabalho. A jovem foi escolhida para entregar um jaleco de estudante ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a inauguração da nova sede da EPSJV nesta quinta-feira durante a visita dele à Fundação Oswaldo Cruz.

A Escola foi criada em 1985 para integrar o ensino, a pesquisa e a cooperação técnica e com isso promover a melhoria da qualidade dos serviços de Saúde do país e do Sistema Único de Saúde (SUS). "Essa escola tem formação politécnica, porque a gente entende que a formação do profissional de saúde tem que ser técnica, política e ética. A gente prepara o trabalhador para além do treinamento comum de formação profissional. É aquele profissional que pensa, planeja e executa as suas ações. Isso não pode ser restrito ao nível de Ensino Superior", disse Isabel Brasil. Para entrar na escola é preciso passar por um concurso público, realizado uma vez por ano. O de 2004 será em novembro com cerca de 140 vagas para Registro e Formação em Saúde, Vigilância em Saúde, Laboratório e Diagnóstico e Gestão na Saúde.

Segundo a vice-diretora, a instituição tem também cursos de formação técnica, para quem já concluiu o ensino médio; de formação continuada de curta duração, destinados a profissionais que buscam atualização na área de saúde, e de pós graduação em Educação Profissional. "Tem gente que já é mestre e vem aqui para discutir e refletir a Educação Profissional", informou. Nenhum curso é pago.

A Escola funciona ainda como secretaria técnica da Rede das Escolas Técnicas do SUS e sedia a Estação de Trabalho Observatório dos Técnicos em Saúde. Isabel Brasil disse que com isso há contato com projetos de todo o país sendo possível descentralizar o ensino em nível nacional.
Junto com a inauguração da nova sede a Escola vai ser reconhecida oficialmente como Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Educação de Técnicos em Saúde. A candidatura foi apresentada em 2001 depois que a instituição participou das discussões para a criação de rede permanente de trabalho de pesquisadores da América Latina.

A vice-diretora de pesquisa da EPSJV, Márcia Teixeira explicou que, com a classificação, a Escola tem a possibilidade de expandir o conhecimento também para o Caribe e países de língua portuguesa. Márcia Teixeira informou que agora o contato entre os pesquisadores da Escola será facilitado.Todo o trabalho será realizado em apenas um prédio, o que não acontecia até agora. A ampliação do espaço deve melhorar a integração com outros países.

A instituição é a única no país que dispõe de um grupo de formação de técnicos em manutenção de equipamentos hospitalares. "Esse é um segmento que gera grande interesse desses países. É uma área em que eles possuem muita precariedade. Em geral recebem equipamentos de países europeus e do Japão. A questão é que eles não têm técnicos nem para operar e nem para manter os equipamentos", afirmou. Márcia Teixeira informou que dois pesquisadores vão para Angola agora no segundo semestre para participar do primeiro curso no exterior depois do credenciamento como Centro Colaborador. O curso será na área de Gestão Hospitalar.