Médico vai à CPI do Tráfico de Órgãos para denunciar transplantes ilegais em Taubaté

03/08/2004 - 13h08

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O médico Roosevelt Kalume confirmou que houve retirada ilegal de órgãos no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Taubaté, interior de São Paulo. Quatro médicos teriam cometido o crime em 1987, época em que Kalume era diretor do hospital. A denúncia já havia sido apresentada e julgada pelo Conselho Regional de Medicina e pelo Conselho Federal. Kalume vai depor hoje à CPI do Tráfico de Órgãos, da Câmara dos Deputados.

Em entrevista à imprensa, o médico disse que a retirada de órgãos humanos em Taubaté foi descoberta por ele "casualmente". "Quando eu me informei do que estava acontecendo, procurei os médicos que, inicialmente, negaram e, então, tomei a iniciativa de pedir uma sindicância na universidade e também fiz uma consulta ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo pedindo uma assessoria", explicou.

Segundo ele, ficou provado que algumas pessoas que tiveram seus órgãos retirados ainda não tinham morrido. "As peritagens feitas mostravam que os pacientes tinham fluxo cerebral e, então, eles não estavam com morte cerebral na ocasião em que foram operados", afirmou. O processo criminal tramita no Fórum de Taubaté e já está em fase de julgamento.

Na época, o Conselho Regional de Medicina arquivou o caso. Kalume ainda afirmou que, "apesar das provas existentes", o Conselho Federal inocentou os suspeitos. Para ele, o que aconteceu em Taubaté foi uma "irregularidade" que não deve ser confundida com a política de transplante. Ele entende que o ato de doação é um ato de desprendimento e que tem que ser conduzido com muito rigor. "Quando algum desvio é denunciado, esse desvio deve ser investigado e não acobertado em nome dessa política. Isso faz com que as pessoas se sintam mais seguras", defende.