Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil,
Brasília - Funcionários do Banco Central realizam hoje uma manifestação diferente para reivindicar melhores salários para a categoria: com café-da-manhã acompanhado de show musical e jogos de salão a categoria promove uma greve de advertência contra a proposta do governo de pagar o reajuste salarial de 2004 apenas em 2006, conforme revelou o diretor Jurídico do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep), José Lourenço da Silva.
Ele disse que os servidores do BC não tiveram reajuste em 2003, e agora, quando negociam a reposição das perdas inflacionárias, o representante do governo, o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Arno Augustin, acena com a proposta de R$ 165 milhões para o Plano de Cargos e Salários dos funcionários do estabelecimento.
Segundo o dirigente sindical, a oferta, à primeira vista, parece tentadora, uma vez que representaria aumento médio de 20% na folha de pagamento do BC. Só que a implantação seria escalonada: 40% em novembro deste ano e 60% em dezembro do ano que vem. Com isso, os efeitos financeiros se fariam sentir só em 2006, corroídos pela inflação dos próximos 15 meses. "Isso nós não aceitamos", afirmou Lourenço.
Alguns servidores do BC admitem que a proposta do governo já é um avanço, pois a disposição inicial era de não conceder nada. Mas, o Sindsep e os sindicatos dos funcionários do BC (Sinal) e dos técnicos do BC (SinTBacen) não apenas rejeitam a proposta como insistem na ampliação dos recursos, além de defenderem sua inteira aplicação de imediato.
De acordo com José Lourenço, a contraproposta da categoria é no sentido de implantar 50% este mês e o restante em janeiro de 2005. Mas, em função da "intransigência" do governo, que "alega ter chegado ao seu limite de negociação", os funcionários realizaram assembléias em todas as sedes do BC, na última quinta-feira, e optaram, unanimemente, pela paralisação de 24 horas.
"É uma advertência para que o governo retome as negociações. Caso contrário, a greve pode ser por tempo indeterminado", disse Lourenço, adiantando que haverá nova rodada de negociações, com representantes dos sindicatos e do governo, na tentativa de entendimento, às 15h da próxima quinta-feira. "Ou o governo atende, ou vamos à greve por tempo indeterminado", ameaçou.
Às 14h, o sindicato divulgará balanço do movimento, com número de funcionários parados em todo o país. Na sede, em Brasília, a mobilização é grande, e mais de 500 pessoas permanecem do lado de fora do prédio.