Brasília, 03/08/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou hoje que as investigações sobre o Caso Kroll não vão parar com a soltura do representante da empresa americana de investigação, Tiago Verdial, que estava preso há 10 dias em Brasília.
Verdial foi solto ontem à noite, depois da Justiça Federal de São Paulo ter rejeitado o pedido da Polícia Federal de converter a prisão temporária em preventiva. A Justiça entendeu que não há indícios suficientes que provem que o representante da Kroll esteja envolvido em monitoramentos ilegais feitos pela empresa. Verdial foi preso no último dia 24 no Rio de Janeiro e transferido para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília no mesmo dia.
Há duas semanas, reportagem do jornal "Folha de São Paulo" revelou que funcionários do primeiro escalão do governo teriam sido investigados pela Kroll. A empresa foi contratada pela companhia Brasil Telecom para investigar outra empresa do setor, a Telecom Itália. O controlador da Brasil Telecom, o banqueiro Daniel Dantas, disputa com os italianos o controle da Brasil Telecom.
"A prisão temporária é uma prisão instrumental, é uma prisão de investigação. A investigação, às vezes, resulta em coisas concretas e às vezes não resulta em coisas concretas. Agora, o fato dentro dessa investigação, é que a investigação não acabou, nem a investigação desaparece porque essa pessoa que estava sob a prisão temporária foi solta", destacou.
Questionado se a prisão temporária do representante da Kroll foi uma ação precipitada da Polícia Federal, o ministro disse que a prisão é uma medida que faz parte das investigações. "A prisão temporária e a preventiva são medidas processuais. A Polícia Federal não pediu a prisão temporária dele para antecipar uma punição ou para formular um juízo de culpa dele, mas sim para facilitar a investigação, facilitar o prosseguimento do trabalho do inquérito. De modo que é diferente, a Polícia Federal pediu a prisão preventiva e ela foi negada pelo juiz", enfatizou.
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, informou que o próximo passo é analisar o material apreendido nas diligências. "Não é correto dizer que não existem provas. O que existe é uma necessidade de tempo para que a polícia analise todos esses elementos que foram obtidos nessas diligências iniciais", explicou.
Sobre a possibilidade de servidores federais estarem envolvidos no caso, o ministro da Justiça disse que a polícia vai investigar "todos os aspectos e todas as dimensões da realidade que precisam ser investigadas"
Paulo Lacerda, por sua vez, disse que, se indícios de participação de funcionários públicos no caso aparecerem, serão apurados. "O que existe é uma investigação ampla. Na medida em que surgirem evidências de envolvimento de funcionários públicos, também serão apuradas as responsabilidades. Não temos ainda essa informação. O que se sabe é que esse grupo tinha fortes ligações com área policial, com órgãos de fiscalização, mesmo porque só poderia obter informações reservadas através de algum tipo de contato. Agora, não temos nomes. É uma investigação que vai também focalizar essa questão", ressaltou Lacerda.
O ministro da Justiça e o diretor da PF participaram hoje da solenidade de lançamento do Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais, na sede da Superintendência da Polícia Federal.