Rio, 2/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros acredita que as oscilações do preço do petróleo no mercado externo não vão pressionar imediatamente a inflação no Brasil. Hoje, o preço do barril registrou elevação recorde, atingindo quase US$ 44, com queda posterior.
"Esse comportamento de altas recordes e em pouco tempo uma queda são coisas típicas de momentos de grande incerteza e não há claro fundamento para que o preço de petróleo suba mais ainda do que já vem subindo, a não ser, algumas especulações sobre a crise da Rússia, que pode interromper a produção e as questões ligadas ao terrorismo que criam incertezas adicionais", explicou.
Quadros disse que o consumo e a capacidade de atender a esse consumo se ajustaram, embora, em patamar mais alto. "Acho que vamos ter que conviver muito mais com a instabilidade do que com novas ondas de elevação para novos patamares. Se isso for verdade, não vamos ter pressões adicionais sobre os preços dos combustíveis", informou.
Depois de lembrar que os preços dos combustíveis no país estão defasados, o economista ponderou que o governo federal ainda tem margem para promover uma correção, o que para ele, poderia ser de forma gradual.
De acordo com Quadros, neste momento os índices de inflação ainda sofrem o impacto de reajustes adicionais de telefonia e de energia elétrica, por isso, se o governo decidir pelo reajuste dos combustíveis, este não seria o melhor momento. "Isso ainda está naquela situação em que se pode planejar e, portanto, não pôr em risco as metas de inflação. Não havendo novas pressões de fora, pode ser feito de maneira programada em um momento em que a inflação não esteja pressionada por outros elementos", concluiu.