Brasília, 2/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - As fábricas de cerveja têm até o final do ano para instalar um sistema eletrônico desenvolvido pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) e pela Casa da Moeda, para evitar sonegação de impostos. A indústria de cerveja é responsável sozinha por 5% de todo imposto que o Brasil arrecada mas, segundo os próprios produtores, 15% das empresas do setor sonegam impostos.
"Esses 15%, quando comparados com a informalidade da economia como um todo, podem não ser muito significativos, mas eles correspondem a R$ 720 milhões por ano. Com esse dinheiro, o governo conseguiria construir 90 mil casas populares e gerar 5 milhões de empregos, fora a vantagem de ter a migração do setor informal para o setor formal", disse em entrevista ao Jornal NBR Manhã, TV a cabo da Radiobrás, o gerente da Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), Ricardo Melo.
Segundo ele, para pagar menos impostos várias indústrias informam que a produção de cerveja é bem menor do que a realidade. "Só que nem sempre saem ganhando, nos últimos três anos, a Receita Federal arrecadou R$ 400 milhões em multas por sonegação", afirmou. Com a fiscalização eletrônica na fonte, a concorrência desleal no setor pode ser evitada, afirmou. As diferenças de preço das cerveja chegam a 40%.
"Nas cervejarias que eventualmente sonegavam impostos e subsidiavam os seus preços baixos com a sonegação, o preço da cerveja pode ser que aumente, mas nas cervejarias éticas, com certeza nenhum centavo vai ter de aumento", afirmou Ricardo Melo. Segundo ele, a sonegação é a própria causadora da alta carga tributária do país, porque ela gera crescimento do setor informal. "A redução do setor formal provoca uma perda da produtividade no país. O governo, como tem a sua máquina pública para financiar, não vê outra alternativa a não ser aumentar a carga tributária e é o cidadão de bem que acaba pagando por esse erro".