Embaixador diz que acordo fechado na OMC é uma conquista mais política do que econômica

02/08/2004 - 19h30

Brasília, 2/8/2004 (Agência Brasil - ABr) – O diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Piragibe dos Santos Tanago, comemorou hoje o acordo firmado na Organização Mundial do Comércio (OMC) no último final de semana, para redução dos subsídios agrícolas. O embaixador ressaltou, entretanto, que em curto prazo o acordo é mais importante do ponto de vista político do que econômico para o Brasil. "Não é uma decisão de chegada, mas de meio do caminho. Os países sabem que se os parâmetros não estiverem bem definidos, as negociações podem ser levadas por grupos mais fortes", disse.

Na avaliação de Piagibe Tanago, o acordo firmado em Genebra cria um clima positivo para o "início do fim" dos subsídios agrícolas. "É um sinal para os mercados e o governo de que o comércio tende para a redução substancial dos subsídios. É uma sinalização de longo prazo", disse.

O embaixador disse estar otimista para que todos os impasses ao livre comércio estejam solucionados até dezembro de 2005, quando os países membros da OMC voltam a se reunir, em Hong Kong, na expectativa de um acordo definitivo. "Os países terão que intensificar suas agendas, mas é uma negociação muito complexa. Se houver disposição de todos, pode se chegar a um acordo no final de 2005", ressaltou.

Na prática, segundo o embaixador, os subsídios à exportação de produtos agrícolas brasileiros continuarão em vigor até o final do ano que vem. Até lá, a expectativa de Piragibe dos Santos é que as negociações políticas avancem em busca de resultados efetivamente econômicos para o Brasil – mesmo com as eleições presidenciais nos Estados Unidos e a troca de comando na União Européia. "Esses tipos de decisões da OMC não são imunes a alterações políticas, mas atravessam essas alterações. As eventuais alterações poderão produzir ênfases, introduzis novos elementos, mas não influirão no resultado em si que alcançamos agora", disse.

O encontro da OMC em Genebra conseguiu, na prática, avançar em busca de um acordo que era esperado desde o ano passado, na reunião ministerial da OMC realizada em Cancún, no México, que fracassou ao tentar chegar a um entendimento entre os países pobres e ricos sobre os subsídios agrícolas. Na época, o Brasil e a Índia lideraram a criação do G-20, grupo que reúne 20 países em desenvolvimento, criado para defender a redução da ajuda dos países ricos a seus produtores agrícolas.

Na reunião em Genebra, o G-20 teve forte atuação na defesa da redução dos subsídios agrícolas às nações em desenvolvimento.