Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiro saiu satisfeito da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), encerrada neste fim de semana em Genebra, na Suíça. O Brasil e outros países em desenvolvimento conseguiram uma vitória importante contra os países ricos: a inclusão do acordo para eliminação dos subsídios às exportações agrícolas no texto aprovado pelos 147 países que compõem a OMC. O texto traz as diretrizes para a liberalização do comércio mundial.
"Como o próprio ministro das Relações Exteriores (Celso Amorim) disse, o acordo é o começo para o fim dos subsídios", destacou o chefe da delegação brasileira em Genebra, embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa. A reunião na Suíça faz parte da Rodada de Doha, criada em 2001, no Qatar.
Seixas Corrêa disse que o Brasil foi peça fundamental nas negociações com os países mais ricos, como os Estados Unidos e a União Européia, para chegar ao compromisso. O texto da OMC não define quando vai começar a eliminação dos subsídios, nem como será feita, o que deve ser negociado a partir de agora.
O acordo prevê a redução dos subsídios internos dados pelos países a seus produtores rurais, ponto também considerado positivo pela delegação brasileira. "A União Européia, os Estados Unidos e o Japão distorcem o comércio internacional ao usarem os subsídios em seus produtos", enfatizou Seixas Corrêa.
Segundo ele, o encontro de Genebra conseguiu o acordo que era esperado na reunião ministerial da OMC, realizada em 2003 em Cancún, no México, que fracassou ao tentar chegar a um entendimento entre os países pobres e ricos sobre os subsídios agrícolas. Na época, o Brasil e a Índia lideraram a criação do G-20, grupo que reúne 20 países em desenvolvimento, criado para defender a redução da ajuda dos países ricos a seus produtores agrícolas.
Quanto à área de serviços, Seixas Corrêa informou que o procedimento aprovado na reunião não envolve carga adicional para o Brasil e destacou que, na área de produtos industriais, não se alcançou um acordo tão efetivo como aconteceu na agricultura. "Nossos interesses foram alcançados nessa etapa", ressaltou.
De acordo com o chefe da delegação brasileira, a previsão inicial era que o acordo definitivo sobre a abertura do comércio mundial fosse concluído no fim deste ano. Segundo ele, a data tornou-se "irreal" depois do fracasso da reunião de Cancún. A intenção, agora, é acertar o acordo até o final de 2005, quando os países integrantes da OMC se reúnem novamente em Hong Kong.