Brasília, 29/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - É preciso construir uma relação de confiança entre os órgãos do governo e os bancos comerciais, para facilitar a troca de informações e combater a lavagem de dinheiro no Brasil. A opinião é do chefe adjunto do Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros do Banco Central (BC), Fernando Celso Gomes de Souza, um dos convidados do programa "Diálogo Brasil", exibido na noite de ontem pela TV Nacional de Brasília, em rede com a TV Cultura de São Paulo e a TV Educativa do Rio de Janeiro.
O combate à lavagem de dinheiro foi o tema do debate conduzido pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior, com a secretária Nacional de Justiça, Cláudia Chagas, o promotor de justiça criminal Marcelo Mendroni (em São Paulo) e o professor de Ciência Política Luiz Pedone (no Rio de Janeiro).
Segundo Fernando Celso, a relação do BC com os demais bancos melhorou muito nos últimos anos. Os bancos, explicou, estão engajados na cooperação de informações sobre possíveis transações ilegais. "A intenção é que se alguém quer fazer a lavagem, que faça fora do sistema financeiro", acrescentou.
Para o promotor Marcelo Mendroni, falta preparo da polícia e faltam informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Banco Central sobre pessoas suspeitas de lavagem de dinheiro. Ele ressaltou que, enquanto não houver investimento pesado sobre isso, as organizações criminosas vão continuar se beneficiando da lavagem de dinheiro.
Já a secretária Cláudia Chagas lembrou que a ajuda de outros países considerados paraísos, fiscais como a Suíça, tem influenciado no combate e repatriamento do dinheiro depositado de forma ilegal. E informou que "a idéia do governo federal é incentivar os Ministérios Públicos de cada estado e as forças policiais estaduais a também assumirem o combate à lavagem de dinheiro".