Bianca Estrella
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Atualmente vários problemas de saúde acometem trabalhadores brasileiros. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2001, mais de 1,3 milhão de pessoas morreram por acidentes de trabalho em todo mundo, o dobro das mortes em conflitos armados no mesmo período – 650 mil vítimas.
O contato com substâncias perigosas como produtos químicos e radioativos contaminou, em 2001, 340 mil pessoas. Na construção civil, um dos setores campeões em acidentes de trabalho, o contato com o amianto foi responsável pela morte de 100 trabalhadores, em 2001.
Segundo o diretor do Departamento de Regime Geral de Previdência Social, Geraldo Arruda, o uso do amianto é tão prejudicial à saúde que foi banido na Europa. "O amianto é uma fibra mineral que causa cicatrizes no pulmão e gera dois tipos de câncer pulmonar. O Brasil está disposto a discutir esse tema para resolver esse problema no nosso país também", explica Arruda.
Estima-se que o Brasil perde de 2,3% a 4% do seu PIB com mortes e acidentes de trabalho. O Ministério da Previdência Social, por exemplo, destinou, em 2003, R$ 8,2 bilhões com pagamento de benefícios acidentários e aposentadorias especiais, contra R$ 7,2 bilhões em 2002.
Ainda segundo a pesquisa da Previdência Social foram registrados 388 mil acidentes de trabalho em 2002. Desse total, quase 83% correspondem a acidentes típicos - acontecem durante o trabalho, dentro da empresa. Outros 12% foram acidentes de trajeto, ocorridos no deslocamento do trabalhador na ida ou na volta do trabalho. Os 5% restantes resultaram de doenças do trabalho, em conseqüência do exercício da atividade profissional.
No Estado de São Paulo, ainda segundo dados do anuário, foram registrados 39,2% do total de acidentes do País, fato que pode ser explicado pela maior concentração de empregos formais, em razão do desenvolvimento industrial e da agroindústria. Entretanto, na relação entre quantidade de acidentes e total de trabalhadores nas empresas, o Estado de Santa Catarina é o campeão: a cada 100 trabalhadores catarinenses, 2,6 sofreram algum acidente em 2002. No Rio Grande do Sul, a relação é de 2,4 trabalhadores acidentados por grupo de 100, enquanto em São Paulo a relação é de 2,2.
Entre os acidentes mais comuns, estão os que prejudicam punhos e mãos. Eles responderam por 34,2% do total registrado. São ferimentos, fraturas, traumatismos superficiais, luxação, queimaduras, traumatismo de músculos e outros casos provocados, em sua maioria, pelo mau uso das máquinas e, também, pela obsolescência dos equipamentos.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a falta de segurança no trabalho mata mais do que as drogas e o álcool juntos. Os setores que apresentam menores condições de segurança em todo o mundo são a agricultura, a construção civil e a mineração.
Ontem (27) comemorou-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho.