Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As operações de crédito do sistema financeiro atingiram, em junho, R$ 442,387 bilhões, com aumento de 1,4% na comparação com o mês anterior e de 7,9% no semestre. Com isso, o saldo dos empréstimos bancários corresponde a 26,1% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme revelou hoje o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
Do total, R$ 265,798 bilhões foram movimentados pelas instituições privadas e R$ 176,590 bilhões pelos bancos públicos, de acordo com o relatório de junho sobre "Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro", elaborado pelo BC. Enquanto os bancos privados aumentaram sua participação em 1,3% no mês (9,3% no ano), as instituições financeiras públicas expandiram 1,6% no mês (5,9% no ano).
O economista do BC disse que a evolução das operações de crédito, em junho, refletia o "ritmo mais intenso" da atividade econômica, com destaque para as movimentações com recursos livres, que representam 57% do total (R$ 252,004 bilhões). Os outros 43% são de recursos direcionados a habitação, agropecuária e inversões diretas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O volume de crédito contratado para o setor privado chegou a R$ 423,9 bilhões em junho, com expansão de 1,3%, e o destaque entre os tomadores ficou para os empréstimos ao comércio, com total de R$ 48,5 bilhões (crescimento de 2,9%). O peso maior, segundo Altamir Lopes, ficou com as contratações para o comércio varejista.
A diferença, de R$ 18,5 bilhões, refere-se a empréstimos ao setor público. A maioria em função de operações para empresas estatais operadores de energia elétrica. Empresas da União tomaram R$ 5,2 bilhões, enquanto estados e municípios contrataram empréstimos no valor de R$ 13,3 bilhões.
As operações para pessoas jurídicas cresceram 1,4% no mês, e os empréstimos pessoais aumentaram 1,8%, impulsionados, principalmente, pelas consignações em folha de pagamento e pela aquisição de veículos. Lopes adiantou que a expansão do crédito pessoal vem mantendo trajetória de incremento nos últimos meses, em decorrência, também, da redução gradativa das taxas de juros.
Exemplo disso foi o recuo de 0,2 ponto percentual (de 44,2% para 44% ao ano) na taxa média com recursos livres, sendo 29,7% para empresas (queda de 0,3 ponto) e 62,4% nos empréstimos pessoais (mesmo patamar do mês anterior). Mas foram registradas reduções nos custos do crédito pessoal (de 72,7% para 71,9%) e do cheque especial (de 140,5% para 140,3%).
O relatório do BC também registra redução de 27,2% para 27% no "spread" (diferença entre as taxas de captação e as de financiamento) geral das operações de crédito (12,9% PJ e 45% PF), como resultado da percepção de menor risco dos empréstimos às pessoas jurídicas, por causa da retomada da atividade econômica. No caso da pessoa física, reflete a elevação das concessões em modalidades mais baratas, como o empréstimo em consignação.
Além disso, a inadimplência também está em baixa, marcando 3,4% para pessoas jurídicas e 13% para pessoa física - os índices mais baixos desde junho de 2000 e junho de 2001, respectivamente.