Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Fundação Nacional do Índio (Funai) vai enviar até o final de agosto um grupo de trabalho à reserva ecológica Serra Negra, em Pernambuco, para estudar a área e saber se ela é ou não tradicionalmente indígena, informa a assessoria de imprensa do órgão. No fim da tarde de hoje, cerca de 50 índios da nação Pipipan, de Pernambuco, invadiram o prédio da Funai, em Brasília. Eles dizem que acamparão no local até o governo atender suas reivindicações. Os pedidos incluem a demarcação de 200 mil hectares que alegam ser seu território. Pela manhã, os índios fizeram uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto.
Entre as reivindicações dos índios também está o pagamento do aluguel dos dois ônibus com os quais eles vieram de Pernambuco, além da hospedagem dos Pipipans em Brasília. A Funai informou, por meio de sua assessoria de imprensa, considerar que os manifestantes Pipipans estão em busca de "interesses individuais" e que "não apresentam projetos coletivos às comunidades indígenas".
A prática de vir a Brasília fazer protestos e cobrar da Funai pelas passagens e hospedagem é antiga, denuncia o órgão e, ainda segundo a assessoria, "não vai acontecer mais", por determinação do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes.
Atualmente, cerca de 3 mil índios Pipipans ocupam uma área de 1,1 mil hectares entre os municípios de Inajá e Floresta. Um dos líderes do grupo, Genildo Francisco de Assis, afirma que a comunidade reivindica a demarcação de uma reserva de 200 mil hectares. A Funai informa que as terras da reserva Serra Negra só serão demarcadas se o grupo de trabalho comprovar que a área é tradicionalmente indígena. Caso não seja, os índios Pipipans terão de deixar a região.
Segundo a assessoria da Funai, Genildo é responsável por incendiar um automóvel da Funai e, no passado, já se apresentou como líder de outros dois povos indígenas, os Guajajara, no Maranhão, e os Cambioá, também em Pernambuco.
Os manifestantes chegaram ontem a Brasília e reivindicam também a criação de um programa para a produção de alimentos na reserva, além de reclamarem do "descaso" da Fundação Nacional da Saúde (Funasa).