Brasil apóia criação de fundo para financiar intercâmbio cultural com a África

27/07/2004 - 11h19

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Voltar a fazer do Atlântico um canal para troca de cultura e conhecimento entre africanos e brasileiros. Essa é a intenção de artistas e representantes do governo federal. Durante a visita à África, o presidente Lula está disposto a reforçar o desejo de realizar uma conferência internacional para arrecadar fundos e financiar apresentações e oficinas de arte em países africanos e no Brasil.

O secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Paulo Miguez, acredita que esse fundo vai reativar o intercâmbio cultural nas duas regiões. "Infelizmente a gente só olha para a África quando alguma catástrofe natural ou humana, de guerra e de epidemias atingem uma sociedade africana em particular", lamenta Miguez. "Nós conhecemos muito pouco dessa produção contemporânea africana."

Enquanto o fundo internacional não é criado, os artistas interessados em fazer esse intercâmbio cultural buscam apoio em empresas privadas e no próprio Ministério da Cultura. Os atores do grupo Teatro Mapati, no Distrito Federal, conseguiram patrocínio de uma empresa de telefonia para montar, em Angola, uma peça do cearense José Mapurunga.

Integrante do grupo, Marcos Souza, conta que a peça, chamada O Rapaz da Rabeca e a Moça da Camisinha, trata do preconceito contra os portadores de HIV, vírus que já infectou 25 milhões de africanos. "É a primeira etapa de um projeto que pretende levar trabalhos cênicos nossos para todos os países da comunidade de língua portuguesa", conta Souza. "De Angola, vamos trazer 5 meninos para participar de oficinas, já em um contexto de intercâmbio entre os dois países."

Os atores do Teatro Mapati aguardam cartas de recomendação dos ministérios da Saúde e da Cultura para acertar com uma empresa de construção o transporte para Angola no próximo mês. A viagem terá de ser feita de navio porque a peça é encenada em um caminhão, que os atores querem levar para o continente africano. A idéia é manter, na África, a mesma qualidade das apresentações feitas para o público brasileiro.