Brasília, 26/7/2004 (Agência Brasil) - Mais de 600 delegados em saúde e ciência e tecnologia esperam encontrar nos próximos dias alternativas que aproximem as atividades de pesquisa científica de ações que tragam benefícios para a saúde pública do País. Os delegados participam, em Brasília, da 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, aberta oficialmente na noite de ontem pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Gastão Wagner.
O secretário ressaltou que as pesquisas de saúde precisam se refletir em ações que reduzam as limitações da saúde pública brasileira. A intenção do governo, segundo o secretário, é criar um órgão vinculado ao Ministério da Saúde que administre os recursos e as ações de pesquisa científica nesse setor. "Estamos mudando a política de ciência e tecnologia no Ministério este ano e em 2005. Precisamos criar uma organização para gerenciar os recursos", ressaltou.
O secretário revelou que somente neste ano o Ministério triplicou os recursos aplicados em pesquisa científica. Os investimentos no setor, segundo Gastão Wagner, devem ser ainda maiores. "Se o poder público não entra, se a pesquisa fica apenas com o setor privado, ela tende a tomar a lógica de mercado ou a lógica das corporações, que querem vender o seu produto e não necessariamente pensar no menor preço, no menor custo, no menor dano", disse.
Já o coordenador da Conferência e representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Reinaldo Guimarães, ressaltou que a maior expectativa para o encontro é garantir que as ações de ciência e tecnologia possam entrar de forma definitiva no Sistema Único de Saúde (SUS) e na reforma sanitária do País. "É preciso que o Ministério da Saúde ocupe um lugar mais central nas atividades de pesquisa de saúde e que o próprio processo da reforma sanitária traga para si como um problema seu a questão da ciência, tecnologia e inovação em saúde", defendeu.
O coordenador também espera que os debates da Conferência permitam redefinir a postura do governo em relação ao processo produtivo da saúde, especialmente na fabricação de medicamentos e insumos pelas indústrias brasileiras. "Existe nesse setor um déficit na balança comercial de cerca de US$ 3,5 bilhões. Além disso, o Brasil se encontra despreparado com relação à produção de uma série de produtos que são absolutamente estratégicos, como hemoderivados e insulina, por exemplo. Temos que fazer com que nós possamos aumentar a nossa auto-suficiência em termos de produtos produzidos no país", enfatizou.
A 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde será realizada até quarta-feira (28), reunindo diversos especialistas na busca de soluções que aproximem a pesquisa da realidade da saúde pública brasileira. A 1ª Conferência ocorreu há dez anos e, segundo os organizadores do encontro, a maioria das propostas apresentadas em 1994 foi implementada pelo Ministério da Saúde e órgãos do governo federal.