Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 800 cientistas e especialistas de mais de 70 centros de pesquisa do país e de outras 100 instituições internacionais se reúnem, a partir desta terça-feira, em Brasília, para a 3ª Conferência Cientítica do LBA (sigla para Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia). Os participantes devem avaliar aproximadamente 700 projetos científicos sobre a maior floresta tropical do mundo.
O encontro preparatório da conferência, ocorrido no final da semana, já foi um amplo fórum de discussão sobre três aspectos que preocupam os pesquisadores: as formas de combater os desmatamentos, que só no ano passado destruíram 23,7 mil km² de floresta (uma área similar à do estado de Alagoas), as políticas públicas para a Amazônia e o efeito estufa.
A chefe dos estudos da Amazônia Oriental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Tatiana Sá, defendeu o desenvolvimento de programas de agricultura familiar que levem aos produtores o conhecimento de novas técnicas de plantio. Em sua palestra, ela apresentou o projeto Tipitamba, em que a Embrapa orienta a população a substituir as queimadas, que empobrecem o solo e reduzem os recursos naturais, pelo trituramento da mata.
Em outra série de palestras, a equipe preparatória da conferência comentou sobre o efeito estufa e surgiu, inclusive, a proposta de um pacto entre sociedade e governos estaduais pela redução na emissão de gases, para a diminuição do efeito estufa. A proposta também deve ser avaliada pelos membros da 3ª Conferência.
Liderado pelo Brasil, o LBA é um dos maiores experimentos científicos em andamento no mundo e propõe estudar interações entre a floresta amazônica e as condições atmosféricas e climáticas. O organismo recebe financiamento de diversas agências de fomento brasileiras, da Nasa (órgão americano de pesquisas espaciais) e da Comissão Européia. Os trabalhos conjuntos em mais de 120 projetos de pesquisa contam com mais de 1,6 mil participantes. "Essa é a melhor experiência de cooperação internacional na área de pesquisa na Amazônia", garante o coordenador científico do LBA, Carlos Nobre.