Brasília, 23/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - O físico britânico Stephen Hawking, tido como um dos cientistas mais famosos do mundo, negou esta semana as próprias teorias e afirmou que os buracos negros não destroem tudo o que engolem, mas acabam regurgitando matéria e energia "numa forma distorcida".
A teoria, apresentada na 17ª Conferência sobre Relatividade Geral e Gravitação em Dublin, Irlanda, põe fim a um debate de quase três décadas sobre o destino dos buracos negros.
Além de lançar por terra a hipótese que o tornou famoso no mundo da física em 1975, o novo trabalho representa uma prosaica derrota pessoal para Hawking: ele teve de dar de presente ao físico norte-americano John Preskill uma enciclopédia de beisebol, resultado de uma aposta feita na época.
O cientista inglês, hoje professor lucasiano de matemática da Universidade de Cambridge (a mesma cadeira ocupada por Isaac Newton), havia calculado nos anos 70 que os buracos negros -estrelas que viram aspiradores de pó cósmicos quando morrem, tragando tudo o que existe na sua vizinhança, inclusive a luz - perdem massa por meio da emissão de um tipo de energia conhecido agora como "radiação Hawking".
O físico propôs na época que tudo o que ultrapassava a borda de um buraco negro e caía nele se desconectava do Universo. Depois que o buraco negro evaporava, a informação contida na matéria tragada se perdia para sempre.
A proposta era um paradoxo, pois a teoria que rege as partículas subatômicas diz que esses elementos não podem ser destruídos. Hawking, 62 anos, havia inclusive afirmado que a matéria viajava através do buraco negro para uma espécie de universo paralelo. "Não há nenhum universo-bebê brotando, como eu pensava. A informação permanece firmemente no nosso Universo", afirmou em sua conferência.
"Sinto muito desapontar os fãs de ficção científica, mas, se a informação é preservada, não existe a possibilidade de usar buracos negros para viajar a outros universos", completou. (AP)