Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A sexualidade dos jovens brasileiros foi pesquisada pela primeira vez pela UNESCO no Brasil (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Os resultados foram apresentados em março deste ano, com o lançamento do livro "Juventudes e Sexualidade". O tema também está sendo debatido no 12º Encontro Nacional de Adolescentes (ENA), que acontece até amanhã, dia 24, em Natal (RN).
Na pesquisa da UNESCO, mais de 16 mil estudantes de 10 a 24 anos responderam questionários, além de pais e professores dos ensinos médio e fundamental. A pesquisa indicou que a sexualidade é um tema prioritário para os jovens. A idade média da primeira relação sexual variou de 13,9 a 14,5 anos entre os meninos e de 15,2 a 16 anos entre as meninas. Em média, 70% dos adolescentes afirmaram que só tiveram relação sexual com um parceiro.
O percentual das jovens que já ficaram grávidas variou nas cidades pesquisadas. Em Florianópolis (SC), 12,2% das adolescentes já engravidaram, a menor taxa do país. O maior índice foi encontrada em Recife (PE) – 36,9%. De cada 10 jovens brasileiras, nove afirmaram que usam algum método contraceptivo para evitar a gravidez. A camisinha foi o método mais citado, seguido pela pílula anticoncepcional.
Sobre a questão do aborto, 14% dos jovens de Porto Alegre (RS) afirmaram que não são favoráveis em nenhuma situação. Maceió (AL) registrou o maior número de jovens contrários ao aborto – 31%. No que se refere à ocorrência de estupro ou violência sexual, 12% dos adolescentes de Cuiabá (MT) afirmaram já ter vivenciado essa violência pelo menos uma vez. A capital de Mato Grosso foi a que mais reconheceu o crime. As menores porcentagens estão em Belém (PA) e Vitória (ES), onde 5% relataram o estupro.
Estatísticas do governo
Segundo dados do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, dos cerca de 258 mil casos de Aids registrados no Brasil, 31.700, ou 12% do total são pessoas entre 13 e 24 anos de idade. As últimas pesquisas do programa também verificaram que a epidemia cresce entre as meninas de 13 a 19 anos. Cerca de 63% dos casos se concentram nesse grupo etário. Entre 1980 e 2002, 21% do total de casos de aids foram causados pelo uso de drogas injetáveis.