Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O balanço feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Federal de Psicologia (CFP) da inspeção realizada em manicômios da Bahia pode ser considerado dramático. O estado foi apenas um dos 16 estados que tiveram fiscalizações nesta quinta-feira, dia 22. Em Itabuna, sul da Bahia, os profissionais relatam dificuldades de acesso. Segundo relato dos profissionais de saúde, o local inspecionado tem "uma sala presídio, tipo cela-forte, para contenção, além de instrumentos para contenção mecânica".
Sem identificar a instituição psiquiátrica de Itabuna, o relatório afirma que todos os pacientes visitados estavam medicados acima do recomendado. Alguns, segundo o relatório, "não conseguiam nem mesmo mover um braço, de tão dopados". Nesta clínica, a média de internação encontrada foi de 45 dias.
O relatório destaca, ainda, que aconteceram três óbitos recentes na instituição. "Um deles, sem testemunhas, que ninguém sabe como aconteceu, sem mesmo atestado de óbito. Sabe-se que se deu por afundamento de crânio", cita o documento. Os profissionais da OAB e do CFP ressaltam que "curiosamente" os óbitos existentes declaram que as causas das mortes foram "consequências" das doenças que eles portavam. As outras duas mortes recentes ocorreram por "parada respiratória", segundo relato da clínica.
Nas vistorias feitas na Bahia, o relatório concluiu que o número de profissionais é insuficiente. "Há pacientes internados há dois meses que nunca foram atendidos por um psicólogo. Não há atividades, não há nada para fazer no hospital. As mulheres ficam quase todo o tempo presas", relata o texto.