Brasília – Em entrevista exclusiva para o programa NBr Manhã, o chefe do Serviço Nacional de Armas da Polícia Federal cometou a Campanha de Desarmamento. Segundo Segóvia, a campanha começou na quinta-feira passada, mas foi nesta semana que a campanha embalou. Diferente do número de apenas 386 armas entregues até sexta-feira, esta semana já contabilizou mais 7 mil armas em todo o país. Leia a íntegra da entrevista ao NBr, canal de TV a cabo da Radiobrás:
NBr Manhã: A Polícia Federal vai credenciar entidades como igrejas, prefeituras e ONGs para ajudar na campanha do desarmamento. As Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e o Exército também vão poder receber as armas e emitir formulários de indenização. Fernando Segóvia, chefe do Serviço Nacional de Armas, fala sobre esta mobilização e as metas da campanha. É a segunda vez nessa semana que o senhor vem ao nosso jornal, isso mostra que a campanha superou a expectativa e estar dando certo?
Fernando Sergóvia: Na realidade nós estamos muito felizes porque a sociedade tem reagido de uma maneira que nem o governo esperava. Estamos vendo que mais de 7 mil armas foram entregues praticamente em 3 dias realmente de recolhimento de armas. Uma vez que os dois primeiros dias que foram quinta e sexta passada, praticamente ficamos esclarecendo a população, mostrando como deveria ser feita a entrega das armas, para que não houvesse nem um constrangimento. Foram entregues na sexta somente 386 armas. Quer dizer, das mais de 7 mil que nós recebemos, praticamente todas elas foram na segunda, terça e quarta-feira dessa semana.
NBr Manhã: Essa ampliação para igrejas, ONGs, Corpo de Bombeiros, como é que vai ser essa entrega? A equipe da Polícia Federal também vai estar lá? Como é que as pessoas vão saber a hora de procurar esses lugares para entregar as armas?
Fernando Sergóvia: A gente pede que a população aguarde exatamente a publicação desses eventos. A gente pede às associações de classes, às igrejas e às entidades que queiram fazer o seu dia, que entre em contato com a Polícia Federal. Nós vamos credenciar os locais que eles indicarem, a data, o horário e o local marcado. Vai haver uma equipe de policiais federais que vai estar naquele local recolhendo essas armas. Então, haverá uma divulgação junto à imprensa e isso tudo a gente vai querer fazer uma parceria para que a gente possa chegar mais próximo a esse cidadão, mais próximo a sua residência.
NBr Manhã: Delegado, através desses números já dá para perceber que a população não quer de jeito nenhum andar com arma em casa e quer se desarmar.
Fernando Sergóvia: Estamos vendo que realmente arma na mão da população só gera violência. Gera violência familiar – pode ter um disparo acidental de uma criança ou um adolescente que pega. Ou até mesmo quando essa arma é furtada na casa pessoa através de um bandido. Quer dizer, essa arma só vai gerar violência contra a própria sociedade. Estamos vendo que a sociedade já está entendendo que essa arma não serve para nada nas mãos dela. Só gera insegurança através do pensamento que geraria segurança.
NBr Manhã: Em João Pessoa, teve caso até de granada, de FMK-2, que não é muito comum. O que que isso diz para a Polícia Federal em relação a campanha. Como é que esse materia foi recebido o que isso significou?
Fernando Sergóvia: Cada uma das pessoas que vai entregar uma arma ou entregar qualquer tipo de armamento junto a Polícia Federal, cada uma conta uma história. A gente faz um trabalho até de desabafo dessas pessoas. E essa pessoa da Paraíba entrou em contato e falou: 'Olha, eu sei que isso daqui poderia gerar violência, podia causar um mal a algum ser humano e por isso eu estou entregando. Na realidade eu não sabia o que fazer com isso e queria entregar para ajudar a sociedade'.
NBr Manhã: A ampliação dos postos de entrega das armas servem também para sanar o problema de falta de postos da Polícia Federal em todas as cidades do país?
Fernando Sergóvia: Exatamente. Em programas de desarmamento de outros países, a gente viu que é importante ter locais neutros, para aquele cidadão que tem até um certo receio de entrar na delegacia da polícia por ser um cidadão humilde. Nesses outros países, o que funcionou bem foram os locais neutos, como igrejas, associação de bairros, associação de moradores, quer dizer ele já se sente em casa. Então, a polícia vai até o local justamente para que essa arma não tenha outro destino, para que ela não seja desviada. Nós vamos ficar lá somente recolhendo as armas. A gente não vai querer saber quem é você, a gente não vai querer saber a identidade desse cidadão, a gente só quer recolher as armas. E se for na casa, no ambiente familiar dele, melhor para ele, melhor para nós que vamos ter menos armas em circulação no país.
NBr Manhã: A gente pode esperar a necessidade de mais verbas para pagar as pessoas que estão devolvendo as armas? R$ 10 milhões não vão ser suficiente?
Fernando Sergóvia: Graças a Deus, R$ 10 milhões não serão o suficiente. Quanto mais armas nós pudéssemos arrecadar e tirar essas armas que hoje só vão gerar mais violência e não tem nenhum significado ficar na mão da população, para nós seria melhor e o governo vai ter esse dinheiro.