Blitz encontra pacientes nus em hospital psiquiátrico de Sergipe

23/07/2004 - 17h49

Brasília, 23/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Péssimas condições de atendimento clínico a portadores de doenças mentais foram constatadas em dois hospitais particulares sergipanos que recebem dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS). Sergipe foi um dos 16 estados fiscalizados quinta-feira (22) por uma ação conjunta de profissionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Federal de Psicologia (CFP).

O relatório divulgado hoje pelos profissionais que participaram da blitz destaca a presença de internos nus nas alas do Hospital Santa Clara mantidas pelo SUS. Dos 200 leitos deste hospital, 160 são mantidos com dinheiro do SUS.

"Havia gente caída pelo chão e no frio, descalça. Um local de muita pobreza". Assim o relatório descreve a situação no hospital sergipano. Já no Hospital São Marcelo, também privado, os profissionais da OAB e CFP foram barrados na porta pelos diretores. A blitz chegou na hora do almoço dos internos. O hospital tem 400 leitos, sendo 171 reservados para pacientes da rede pública. Os fiscais não tiveram acesso à ala feminina do Hospital São Marcelo.

Segundo o relatório, os administradores da instituição "não se entendiam entre si, ficaram nervosos e a impressão do local é que fosse uma cadeia: tudo com cadeado e separado com portão de zinco. Até a horta. O lugar era sujo e mal ventilado. Não deixaram conversar com os internos".

Na Paraíba, foi visitado o Instituto Psiquiátrico Forense. O relatório conjunto da OAB e CFP não apresenta denúncias contra a instituição. No entanto, revela queixas como a de que o instituto não recebe recursos do SUS e, por isso, a direção alega falta de medicamentos. Também foi constatada a inexistência de plantão de médicos e enfermeiros nos finais de semana.