Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, disse hoje que a Polícia Federal investiga desde o início do ano supostas atividades de espionagem feita por empresas privadas contra membros do governo. A PF, segundo ele, começou a apurar o caso depois de ter identificado "indícios de investigação não autorizada judicialmente" ao cuidar de outro processo iniciado em janeiro. "O governo sabe desses fatos, está apurando esses fatos para não fazer injustiças desde março", afirmou.
Perguntado se a investigação mencionada estaria relacionada à Kroll Associates, conforme denúncia publicada pelo jornal "Folha de S. Paulo", Thomaz Bastos respondeu: "Isso, isso, isso. Mas não quero botar os advérbios não. Isso está tudo sob investigação".
Segundo o jornal, a empresa multinacional, que presta consultoria investigativa, teria, em um de seus trabalhos, atingido ministros e prefeituras petistas.Na matéria da "Folha", o ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, e o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, são citados como alvos da investigação da Kroll, encomendada pela Brasil Telecom, controlada pelo banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, para investigar a Telecom Itália. O Opportunity e a Telecom Itália disputam o controle da Brasil Telecom.
Thomaz Bastos disse que as investigações têm que ser feitas "com cuidado". Ele ressaltou que já foram ouvidas pessoas e realizadas diligências. O inquérito, afirma Bastos, corre sob segredo de Justiça: "O inquérito tem que ser feito com muito cuidado, muita delicadeza. Ele envolve a investigação de uma investigação".
O ministro afirmou ainda que, em tese, esse é um "fato grave" e está previsto na lei como um crime. "Se houve escuta ou interceptação telefônica, telemática ou de informática não autorizada, isso é crime nos termos da lei. Mas está sendo objeto de apuração, não só a existência do crime, mas também a autoria do crime".