Espanha deve integrar a Força de Paz no Haiti

22/07/2004 - 19h53

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos Cuyaubé, garantiu hoje ao chanceler Celso Amorim, que o seu governo está disposto a enviar um contingente de militares para integrar a Força de Paz das Nações Unidas que ajudam na reconstrução do Haiti.

Segundo Cuyaubé, o presidente José Luis Zapatero vai formalizar em sessão do Congresso de Deputados da Espanha a intenção de enviar homens para o Haiti. Entre os militares espanhóis, o chanceler disse que estarão engenheiros para ajudar na reconstrução de pontes e estradas do país. "Há um esforço muito importante que é a reconstrução do Estado de Direito do Haiti, com assistência humanitária, construção institucional, organização policial, processo eleitoral futuro. Um esforço que não vai limitar-se a ações que garantam a estabilização do Haiti, mas um compromisso para tirar o país de uma situação trágica", ressaltou o chanceler espanhol.

O ministro Celso Amorim disse que o governo brasileiro manifestou satisfação com o envio de tropas espanholas, mas evitou comentar a quantidade de militares – cerca de 30 – que serão deslocados pelo governo da Espanha. "Não cabe ao governo brasileiro medir a quantidade de efetivo que deve ter cada país. Isso é uma decisão naturalmente soberana de cada país em função de muitas considerações que cada país tem que tomar", ressaltou.

Na opinião de Amorim, a participação espanhola contribui para "reforçar o caráter não só de democratização, mas de compromisso a longo prazo da comunidade internacional com o Haiti".

O chanceler brasileiro defende uma ação contínua de ajuda ao Haiti, e não somente medidas emergenciais que garantam a estabilidade ao país. "Deve haver um compromisso a longo prazo da comunidade internacional com o Haiti, de realmente trabalhar por uma transformação, e não ser essa mais uma mera ação militar – que uma vez terminada a emergência deixa o país na mesma situação que estava antes, mas sim de um esforço que não é de uma ou de outra potência, mas um esforço da comunidade", defendeu.

O Haiti é considerado pelo Banco Mundial o país mais pobre do mundo, e vai receber uma ajuda de mais de US$ 1 bilhão em doações nos próximos dois anos para reconstrução do país. Desde o início da semana, o Bird promove em Washington uma conferência internacional com representantes de 30 países e 32 organizações internacionais para angariar fundos para auxiliar o país.