Brasil ainda tem esperança de aprovar santuário para baleias

22/07/2004 - 11h08

Brasília, 22/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Com 26 votos a favor e 22 contra, a proposta brasileira de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul teve maioria de votos na reunião anual da Comissão Internacional da Baleia (CIB), que está sendo realizada em Sorrento, na Itália, mas, mesmo assim, o santuário não será criado. Pelas regras da CIB seriam necessários três quartos dos votos. Um grupo de países liderado pelo Japão, que tem direito a voto na comissão, rejeitou a proposta sob pretexto de garantir a caça científica feita por aquele país.

Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, disse que, na realidade, "o Brasil não foi voto vencido". Esta é a quarta vez que o governo brasileiro apresenta a proposta de criação do santuário e, a cada ano, tem obtido mais votos. Este ano, o Brasil teve dois votos a mais que em 2003. "A pontuação desse ano nos estimula a dinamizar os entendimentos bilaterais com os países do Atlântico Sul no sentido de avançar com a proposta e, quem sabe, aprová-la na CIB", afirmou.

Pela proposta brasileira, a caça das baleias ficaria proibida entre a linha do Equador e o Mar Antártico, onde já existe um santuário, entre a costa da América do Sul e a costa da África. De acordo com Capobianco, essa área é de enorme importância para cerca de 15 espécies de baleias que circulam por esse território no período da procriação, principalmente. "Nós teríamos aí assegurada a proteção das baleias nessa região que serve para reprodução, amamentação, migração e alimentação de diversas espécies".

Hoje, a caça à baleia está proibida por meio de uma moratória. O problema, segundo Capobianco, "é que existe uma previsão, uma válvula de escape, para a caça para fins de pesquisa científica e alguns países, em especial, o Japão, têm se utilizado desse dispositivo para caçar centenas de baleias". Ele explica que o esforço de criar o santuário "é para consolidar a idéia de que as baleias são animais de enorme importância simbólica e ambiental e que elas valem muito mais vivas do que mortas".